quarta-feira, 23 de maio de 2012

Devaneios à Solta...O Jogo de Anjo de Carlos Ruiz Záfon

Hommage à Pessoa, Largo de S.Carlos, Lisboa
(foto da minha autoria)


"Já nesse tempo, os meus únicos amigos eram feitos de papel e tinta.(…)Onde os meus colegas viam moscas de tinta em páginas incompreensíveis, via eu luz, ruas e gente. As palavras e o mistério da sua ciência oculta fascinavam-me e pareciam-me uma chave com a qual era possível abrir um mundo infinito e a salvo daquela casa, daquelas ruas e daqueles dias turvos, nos quais até eu conseguia intuir que me estava reservada numa escassa sorte."  página 46 in O Jogo do Anjo de Carlos Ruiz Záfon

O Lugar das Coisas de Miguel Almeida (Divulgação)


"Em O Lugar das Coisas cabemos todos, criados pela voz singular de Miguel Almeida, que nos recria até ao âmago da alma e onde, mais puros, perdemos a inocência. Um livro de poesia e de vida, de humanidade e mundanidade, que nos coloca no lugar e nos acorda dos autómatos em que nos tornámos." Luís Miguel Rocha Espaço de comunicação e comunhão, O Lugar das Coisas alimenta-se da palavra do que somos, como seres vocacionados para a alegria, o amor e a felicidade. Espaço de solução e consolação, O Lugar das Coisas é como um Sol no centro da vida, numa demanda de valor e sentido para existir e ser vivida.

Críticas:

“Em O Lugar das Coisas cabemos todos, criados pela voz singular de Miguel Almeida, que nos recria até ao âmago da alma e onde, mais puros, perdemos a inocência. Um livro de poesia e de vida, de humanidade e mundanidade, que nos coloca no lugar e nos acorda dos autómatos em que nos tornamos.” Luís Miguel Rocha

“Gosto muito da musicalidade — principalmente os cativantes ritmos — dos poemas de O Lugar das Coisas.” Richard Zimler 

Embarcados na barca das palavras


Se embarcamos na barca das palavras
E com isso, viajamos
Como quem navega, só por navegar
Nós podemos ser poetas,
Nós podemos estar a tentar ser poetas.


Se embarcamos na barca das palavras
E com isso, sonhamos
Como quem sonha, só por sonhar
Nós podemos ser poetas,
Nós podemos estar a tentar ser poetas.


Se embarcamos na barca das palavras
E com isso, vivemos
Como quem vive, só por viver
Nós podemos ser poetas,
Nós podemos estar a tentar ser poetas.


Se embarcamos na barca das palavras
E com isso, criamos
Como quem cria, só por criar
Nós podemos ser poetas,
Nós podemos estar a tentar ser poetas.


Miguel Almeida, “O Lugar das Coisas”, Esfera do Caos, 2012.

sábado, 19 de maio de 2012

A Trama da Estrela de Vasco Ricardo (Divulgação)


Enquanto uma negra conspiração se vai expandindo por algumas cidades europeias, três adolescentes divertem-se, navegando pela Internet, tentando decifrar mistérios e crimes até então irresolúveis.
Dana, Mark e Rohan são provenientes de nações distintas mas os seus interesses e suas motivações convergem. À medida que uma onda de crimes vai assolando o território do velho continente, os jovens vão interagindo através das comuns salas de chat, falando sobre um infindável número de temas.
O percurso das suas vidas toma, porém, um rumo diferente, acompanhado de estranhos acontecimentos que podem mudar os seus destinos.
Paralelamente, uma sociedade secreta, cujos elementos parecem tão competentes quanto obstinados, move-se de forma obscura e sanguinária, onde todos os seus passos são criteriosamente preparados, na tentativa de alcançar um marco até então inatingível.


Biografia:

Vasco Ricardo nasceu no ano de 1981, em França mas é em Portugal que gosta de estar. Nem sempre viveu em Famalicão; cresceu em Matosinhos e formou-se em Viana do Castelo. Pratica Aikido, uma arte marcial japonesa. Raramente se sente cansado, se bem que certas particularidades do quotidiano o vão arreliando. Acha piada a moralistas, principalmente os que são imorais. Ainda não descobriu a verdadeira razão pela qual sente vontade de escrever, mas jura que um dia o fará.

PVP: 14,50 €
Páginas: 240

Encontra-se para já à venda no site da editora, wook e bertrand on-line.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Prendinhas/ Novas Aquisições:)

No mês passado fiquei um ano mais velha. Já são 24! E como tenho família e amigos fantásticos recebi muitos livrinhos. Fiquei felicíssima já que, com os tempos que correm , adquirir um livro é muito difícil. O melhor é que como faço anos, perto da Feira do Livro e das inúmeras promoções de livrarias, ganhei muitos amigos para a estante porque pode se comprar dois pelo preço de um. Regalem os vossos olhos com estas fotografias!:)
Aqui também estão os livros que adquiri na Feira do Livro de Lisboa. Foram eles:

O Festim dos Corvos e o Mar de Ferro de George R.R Martin com oferta de O Mago de Feist;
O Último Cabalista de Lisboa de Richard Zimler que era livro do dia;
Os Pilares da Terra II de Ken Follet;
Sensibilidade e Bom Senso de Jane Austen num alfarrabista
A Lenda de Sigurd e Gúdrun de J.R.R Tolkine na Hora H

Os da Colleen foram adquiridos: um num alfarrabista e outro em promoção. Também posso dizer que foram oferecidos pois, não fui eu que os paguei.

Os outros livrinhos ( tantos!) foram prendinhas de anos! xD Obrigada a todos que contribuíram para tornar este dia ainda mais especial. Na verdade, houve um dia em que encontrei vários embrulhos espalhados pela casa cheios de livros. Os tempos estão complicados porém, quem tem uma família e amigos fenomenais como estes ultrapassa tudo! Muito muito obrigada!

E vocês? Já leram algum? Contem-me...

O Jogo do Anjo de Carlos Ruiz Záfon


Na Barcelona turbulenta dos anos 20, um jovem escritor obcecado com um amor impossível recebe de um misterioso editor a proposta para escrever um livro como nunca existiu a troco de uma fortuna e, talvez, muito mais.
Com deslumbrante estilo e impecável precisão narrativa, o autor de A Sombra do Vento transporta-nos de novo para a Barcelona do Cemitério dos Livros Esquecidos, para nos oferecer uma aventura de intriga, romance e tragédia, através de um labirinto de segredos onde o fascínio pelos livros, a paixão e a amizade se conjugam num relato magistral.

A MINHA OPINIÃO:

O Jogo do Anjo é o meu regresso às páginas mágicas e inebriantes de Carlos Ruiz Záfon. É uma espécie de prequela de A Sombra do Vento. A Livraria Sempere, o Cemitério dos Livros Esquecidos e o seu fiel guardião Isaac são as pontes para o passado e, mais uma vez, Záfon enaltece os livros, a sua beleza, fantasia e a sua habilidade fulcral de nos fazer viver outras vidas e experimentar novas emoções. A magistralidade do autor é tanta  que ele, Carlos Ruiz Záfon cria um livro absurdamente absorvente e inexplicavelmente maravilhoso. O protagonista, o escritor David Martín vive numa Barcelona mais sinistra e tenebrosa do que a Barcelona de A Sombra do Vento. O livro assimila este tom mais negro e sucedem-se uma série de acontecimentos bizarros que arrasta David para uma espiral de sanidade e de loucura. Magnificamente poético e tocante, O Jogo do Anjo é trepidante, arrepiante e enigmático. Os mistérios acumulam-se muito por culpa de Andreas Corelli, personagem tão indecifrável para David como para o leitor. Com o desenrolar da história, o ritmo do livro torna-se asfixiante e a angústia e a sofreguidão de Martín pela verdade toma proporções gigantescas assim como a nossa ansiedade e emoção ao ler as suas páginas. Záfon presenteia-nos com uma miscelânea de realidade e ficção pois, há episódios que jamais poderão acontecer na nossa  normalidade, que transcende qualquer género literário. Será fantasia ou um simples romance? De simples não tem nada. É enfeitiçante, chocante e electrizante! Um hino aos livros e à escrita, O Jogo do Anjo só peca pelo final muito bom mas, abrupto. A verdade é que tive de o ler várias vezes para o compreender e ainda hoje penso nele. Pergunto-me o que é o autor queria com este término... Todavia, aí também está a genialidade do livro, suscitar e fomentar debates acerca da história. É um livro cheio de ideias, de críticas veladas ao fanatismo da religião ou da política e que, por ser mais aberto a nível de interpretações, nem tudo é o que é, pode levar a que alguns leitores não o apreciem tanto. Sempre ouvi dizer que A Sombra do Vento era melhor que O Jogo do Anjo. Podem chamar-me amotinadora mas, para mim, este livro é tão bom quanto o anterior! E isto é um grande elogio...

7/7- OBRA-PRIMA


PS: Obrigada A. por esta prendinha de Natal!

domingo, 13 de maio de 2012

Os Apanhadores de Conchas de Rosamunde Pilcher


Penelope Keeling, filha de artista, é uma mulher suficientemente independente e activa para aceitar passivamente a velhice. 
Olha para trás e recorda a sua vida: uma infância boémia em Londres e em Cornwall, um casamento desastroso durante a guerra e o homem que ela verdadeiramente amou.
Teve três filhos e aprendeu a aceitar cada um deles com as suas alegrias e desilusões.
Quando descobre que o seu bem mais importante vale uma fortuna - Os Apanhadores de Conchas -, um quadro que o pai lhe deu de presente e pintado por ele próprio, é ela que passa a decidir e determinar se a sua família continuará a ser mesmo uma família ou se se fragmentará definitivamente.
Os Apanhadores de Conchas é o mais importante romance de Rosamunde Pilcher, confirmado pelas inúmeras semanas na lista dos best-sellers da revista americana Publishers Weekly e do The New York Times Book Review.

A MINHA OPINIÃO:

Os Apanhadores de Conchas foi uma leitura deliciosa!À superfície parece uma história simples mas, Rosamunde Pilcher disseca os sentimentos e as emoções subtilmente e quando damos por nós, estamos tão envolvidos nas vidas das personagens que não os queremos largar. O livro alterna entre várias épocas, evocando a nostalgia e a saudade de tempos idos e a esperança de tempos que virão. A autora põe a nu todas as disfunções e quezílias da família protagonista. As suas imperfeições, ambições e sonhos estão a descoberto e o leitor, como juiz e senhor deste tribunal condena e absolve os personagens. É fácil detestar ou simpatizar com as suas acções.Mas, isso não os torna maus. São simplesmente humanos. Através de Penelope, conhecemos Cornwall na altura da Segunda Guerra Mundial em que, os alimentos escasseavam e relações brotavam ou se degradavam. A guerra trazia mudanças: os maridos e os filhos partiam e só ficavam os que não podiam combater. Nada era seguro e, às vezes, o impulsivismo e a vontade sobreponha-se à razão. Na Londres actual, acompanhamos os filhos de Penelope e a jovem Antonia. Nancy e Noel foram os filhos que menos me agradaram com as suas atitudes no entanto, não consegui evitar sentir compaixão por eles. Olivia foi aquela que eu mais apreciei por causa da sua honestidade e frontalidade. Mas, foi Penelope, a mãe que me apaixonou. Ela é a atracção central do livro. A sua história marcada por segredos, amor, erros, desilusões e perdas é tão humana e tão bela!É uma vida cheia de acontecimentos marcantes que sentimos como se fosse nossa. A autora interliga-a com a Antonia e fecha-se um ciclo, um reencontro com o passado.A família são aqueles que amamos. É uma leitura ternurenta, verdadeiramente enriquecedora em valores e morais que faz com que desejemos viver na Inglaterra rural cercados por um jardim maravilhoso...

5/7- MUITO BOM

PS: Obrigada querida Fernanda por esta bela e inesperada surpresa!:)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Belladonna de Anne Bishop

Bem-vindos a Efémera, onde a terra se altera em resposta aos mais profundos desejos e medos dos seus habitantes. 

Há muito tempo, Efémera foi dividida em inúmeras paisagens mágicas ligadas somente por pontes. Pontes que podem levar quem as atravessa para onde realmente pertence e não ao local onde pretende chegar. Uma a uma, as paisagens de Efémera estão a cair na sombra. O Devorador do Mundo está a espalhar a sua influência, manchando as almas das pessoas com dúvida e medo, alimentando-se das suas emoções mais negras. A cada vitória o Devorador aproxima-se da conquista final. Apenas Glorianna Belladonna possui a habilidade de defraudar os planos do Devorador. Mas os seus poderes foram mal interpretados e incompreendidos. Determinada a proteger as terras sob o seu domínio, Glorianna defrontará o Devorador sozinha se assim estiver no seu destino.

A MINHA OPINIÃO:

Belladonna é o segundo volume do Mundo Efémera de Anne Bishop. Este é uma continuação digna de Sebastian! Efémera já não é tão bizarra e incompreensível. Após um encontro brusco com a imaginação de Bishop no primeiro volume, este foi uma leitura muito mais aprazível. Estranha-se mas, entranha-se! E questionar a originalidade da autora é totalmente descabido pois, é inegável o pormenor que ela incute ao mundo que ela criou do "nada". Glorianna já era das minhas personagens favoritas em Sebastian e neste livro, confirma a sua posição. Ela é uma interrogação! É poderosíssima e a única desafiadora do Ente, o Devorador do Mundo todavia, também tem uma faceta inocente que só revela entre a sua família.Michael, o Mágico que ela conhece no seu caminho e que lhe desperta sentimentos avassaladores foi uma personagem que me dividiu. A sua magia tão parecida com a da Paisagista e ao mesmo tempo, tão distinta é fascinante. Todavia, falta a Michael, um lado mais obscuro tão real como em Sebastian, o protagonista anterior.  Sebastian e o Provocador continuam iguais. Este último é hilariante! Fazendo jus ao seu nome, ele gosta de embaraçar os restantes com situações caricatas e diálogos altamente corrosivos e pouco castos! Caitlin, uma nova aquisição deste livro é também uma personagem intrigante semelhante a Glorianna mas, em busca de orientação e do seu lugar. O Ente é uma entidade fabulosa muito bem criada por Anne Bishop. A sua vilania é tão bem sucedida que sentimos a sua presença constante e ameaçadora. Belladonna é mais um testemunho da brilhante imaginação de Anne Bishop porém, ainda não arrebatou profundamente. Terei de apostar na sua obra mais conhecida, a trilogia das Jóias Negras para encontrar a razão para tanto elogio. Este é uma boa leitura fantástica mas, que perde vivacidade quando a autora e alonga em novas explicações sobre Efémera. De certo modo, é uma maneira de relembrar aos leitores o que leram em Sebastian no entanto, eu li os dois volumes quase de seguida e achei aquelas descrições repetitivas. Sebastian e Belladonna são livros para viajantes audazes que não têm medo de explorar e de criar." Viajem com leveza!"

4/7-BOM

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Olhos Brilhantes de Catherine Anderson

Zeke Coulter gostava de viver sozinho - ou pelo menos achava que gostava - até conhecer a sua vizinha, a atraente cantora Nathalie Patterson. Zeke tinha ido a casa de Nathalie para ter uma conversa séria sobre o filho dela, Chad, que tinha vandalizado o jardim e a casa nova de que Zeke tanto se orgulhava.
Na esperança de ensinar ao rapaz o que é a responsabilidade, Zeke insiste em que Chad trabalhe em sua casa para recuperar os danos. Nathalie e a sua filha Rosie querem ajudar igualmente para que Chad não falhe o acampamento de Verão. Nathalie, recentemente divorciada e lutando para sobreviver com os dois filhos, sabe que Chad está a atravessar uma fase difícil, mas não adivinhava que o tempo passado com Zeke era precisamente aquilo de que Chad necessitava.
Quando as obras acabam, Zeke dá por si numa casa imensamente vazia, mas ainda a tempo de tomar a decisão que pode mudar a sua vida.

A MINHA OPINIÃO:

Olhos Brilhantes era um livro que estava na minha estante há algum tempo porque simplesmente não tinha a mais pequena vontade de o ler. Catherine Anderson é uma escritora capaz de criar histórias envolventes e  muito agradáveis. Porém, já não me surpreende.  Ela cria uma história de amor resiliente e fiel que sobrevive a todas as contrariedades tornando-se ainda mais forte. Este livro não é excepção. Nathalie e Zeke são um casal adorável e os irmãos Coulter são sempre um conjunto muito atractivo e bem-humorado. O valor da família é mais uma vez omnipresente e de uma importância extrema. As personagens de Anderson tem sempre algo de vulnerável e Nathalie, Chad e até Zeke demonstram as suas fraquezas ao longo de todo o livro. Contudo, é na família e no amor que eles encontram força para continuar. Nem sempre é o sangue que determina quem nos quer ou nos ama... Chad e Zeke têm uma relação enternecedora apesar de não partilharem a mesma genética. Olhos Brilhantes foi um livro que me deu prazer a ler mesmo sabendo o que esperar. Na verdade, já algum tempo desejava uma leitura leve e despretensiosa sem grandes artifícios e, que se lesse rapidamente. Encontrei-o... todavia, exasperei-me com a personagem Rosie, a filha de quatro anos de Nathalie. É demasiado articulada e clarividente para uma menina daquela idade. Suponho que a autora queria que ela fosse o elemento mais inocente e, ao mesmo tempo, ligeiramente cómico da história. Para mim, não resultou. É demasiado inverossímil! Só se fosse uma criança prodígio... Concluindo, este livro é uma leitura feliz mas, nada de deslumbrante.

3.5/7- RAZOÁVEL**