sábado, 23 de junho de 2012

Exames...

Meus queridos seguidores, serve esta presente publicação para vos informar que Os Devaneios vão estar órfãos até ao fim do mês do Julho por motivo de stress, défice de tempo e exames. Culpem Oftalmologia, Psiquiatria, Neurologia e Cirurgia que fugiram com o meu tempo para destino incerto!... As leituras continuam embora, a passo de caracol e A História Interminável, As Memórias de Cleópatra II e Resistir ao Amor de Jill Mansell já estão lidos porém, ainda não tive tempo para respirar quanto mais para redigir uma opinião! Para os mais curiosos, iniciei a leitura de Os Pilares da Terra de Ken Follet e está a ser uma agradável surpresa...

Até ao fim do mês e desejem-me sorte:)!!!

terça-feira, 12 de junho de 2012

O Beijo Encantado de Eloisa James

Forçada pela madrasta a ir a um baila, Kate conhece um príncipe... e decide que ele é tudo menos encantado. Segue-se um esgrimir de vontades, mas ambos sabem que a atracção irresistível que sentem um pelo outro não os levará a lado nenhum. Gabriel está prometido a outra mulher – uma princesa que o ajudará a alcançar as suas ambições implacáveis.
Gabriel gosta da noiva, o que é uma surpresa agradável, mas não a ama. Obviamente, deve cortejar a sua futura princesa, e não a beldade espirituosa e pobre que se recusa a mostrar-se embevecida.
Apesar das madrinhas e dos sapatinhos de cristal, este é um conto de fadas em que o destino conspira para destruir qualquer oportunidade de Kate e Gabriel poderem ser felizes para sempre.
A menos que um príncipe abdique de tudo o que o torna nobre...
A menos que o dote de um coração indisciplinado triunfe sobre uma fortuna...
A menos que um beijo encantado ao bater da meia-noite mude tudo.

A MINHA OPINIÃO:

Os romances de época não me têm agradado muito ultimamente. Eram leituras que apreciava por serem leves e com um final feliz. É certo que estes livros terão sempre uma grande previsibilidade quer seja no seu término quer seja na direcção da história porém, o desenrolar não é suposto ser igual a todos. Após algumas leituras decepcionantes neste género, O Beijo Encantado foi um alívio. Ele consegue original marcando a diferença por adulter um conto tradicional dando-lhe um ar mais moderno e em que a protagonista não é uma mulher indefesa e deprimente mas sim, inteligente, honesta e habituada a lutar pelo o que quer. Gabriel, o príncipe não é assim tão encantado. É emproado e habituado a ter tudo o que quer. Não é amor à primeira vista, é picardia ao primeiro olhar. As constantes quezílias e discussões dos dois tornam a relação mais credível e a química gradualmente mais intensa e electrizante. Eloisa James cria ainda personagens secundárias hilariantes como Henry, madrinha de Kate e tio maluco de Gabriel. O livro está polvilhado com humor e a inclusão de animais quer sejam cães ou leões é, indubitavelmente surpreendente e muito engraçado. A escritora brinca com as convenções do conto da Cinderela distorcendo-as, fazendo-as perder a infantilidade e e adequando-as à sua realidade mais madura. O Beijo Encantado foi uma leitura deliciosa e refrescante pois, já algum tempo que não li um romance de época tão bom.

4/7-BOM


PS: Obrigada C. pela prendinha!:)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Kafka à beira-mar de Haruki Murakami

Kafka à Beira-Mar narra as aventuras (e desventuras) de duas estranhas personagens, cujas vidas, correndo lado a lado ao longo do romance, acabarão por revelar-se repletas de enigmas e carregadas de mistério. São elas Kafka Tamura, que foge de casa aos 15 anos, perseguido pela sombra da negra profecia que um dia lhe foi lançada pelo pai, e de Nakata, um homem já idoso que nunca recupera de um estranho acidente de que foi vítima quando jovem, que tem dedicado boa parte da sua vida a uma causa- procurar gatos desaparecidos.
Neste romance os gatos conversam com pessoas, do céu cai peixe, um chulo faz-se acompanhar de uma prostituta que cita Hegel e uma floresta abriga soldados que não sabem o que é envelhecer desde os dias da Segunda Guerra Mundial. Assiste-se, ainda, a uma morte brutal, só que tanto a identidade da vítima, como a do assassino, permanecerão um mistério.
Trata-se, no caso, de uma clássica (e extravagante) história de demanda e, simultaneamente, de uma arrojada exploração de tabus, só possível graças ao enorme talento de um dos maiores contadores de histórias do nosso tempo.

A MINHA OPINIÃO:

Kafka à beira mar de Haruki Murakami é dos livros mais excêntricos que alguma vez li. É também um dos melhores! O escritor nipónico é perito em suscitar questões sobre o nosso propósito  de vida. O livro está cheio de enigmas mascarados de metáforas e de limites alquebrados. As definições são inexistentes e tudo o que julgamos verdadeiro é uma ilusão. A linha do tempo e a que separa a vida da morte é ténue. Tudo é uma caminhada para alcançar o seu "eu". De carácter filosófico e simbólico, Kafka à Beira Mar é estranho mas, ao mesmo tempo, familiar porque se compreendemos a jornada, não entendemos o seu alcance ou a sua natureza. E todas as personagens de Murakami têm uma natureza singular. São completamente distintas do que esperávamos. Não existe "vulgar" ou "banal" no vocabulário do autor. São metamorfoses constantes moldando-se às circunstâncias. No meio, desta estranheza surgem novos acontecimentos peculiares: humanos que falam com gatos, chuvas diluvianas de peixe, sombras incompletas e metades perdidas. É um livro que nos questiona  repetidamente e para encontrarmos todas respostas temos que penar bastante. Algumas questões ficam mesmo pela retórica e jamais serão respondidas porém, aí também reside algum encanto da história. Não há nada de trivial nesta obra de quase seiscentas páginas. Os destinos do jovem Kafka e do velho Nakata estão em rota de colisão, ou assim parece. Um resolverá o outro. Pelo caminho encontramos uma biblioteca belíssima, uma floresta labiríntica e pequenos prazeres de cultura geral que Murakami coloca nos diálogos das personagens: vários poetas, livros, valores tradicionais japoneses e grandes pensadores são mencionados. Brilhantemente, eles não estão lá por acaso. São pequenas ajudas ao leitor que procura ansiosamente conhecer o destino de Kafka e Nakata. É um livro com um início inesperado e um final surpreendente! A leitura não é fácil porque, apesar de ser voraz( no meu caso) não é desprovida de significado e cada página indaga quem a lê. É um livro sobre a eterna busca do "ser" ou do "eu" se preferimos.É uma história enigmática onde a fantasia, não racional, é essencial na construção da identidade da pessoa e no delinear do seu propósito de vida. Kafka à beira-mar não é para todos os paladares literários. Arrisco-me a dizer que é daqueles livros que se ama ou que se odeia! Para mim, foi enriquecedor e delicioso e, naqueles momentos após o final fui novamente assaltada por dúvidas e novos raciocínios surgiram como tentativas de explicação de alguns episódios. Um livro estonteante como só Murakami sabe fazer!

7/7-OBRA-PRIMA


PS: Obrigada N. pela magnifica prenda de Natal!:)

sábado, 2 de junho de 2012

Sangue-do-coração de Juliet Marillier

Uma floresta assombrada. Um castelo amaldiçoado. Uma jovem que foge do seu passado e um homem que é mais do que parece ser. Uma história de amor, traição e redenção...
Whistling Tor é um lugar de segredos, uma colina arborizada e misteriosa que alberga a fortaleza deteriorada de um chefe tribal cujo nome se pronuncia no distrito em tons de repulsa e de amargura. Há uma maldição que paira sobre a família de Anluan e o seu povo; os bosques escondem uma força perigosa que pronuncia desgraças a cada sussurro.
E, no entanto, a fortaleza abandonada é um porto seguro para Caitrin, a jovem escriba inquieta que foge dos seus próprios fantasmas. Apesar do temperamento de Anluan e dos misteriosos segredos guardados nos corredores escuros, este lugar há muito temido providencia o refúgio de que ela tanto precisa.
À medida que o tempo passa, Caitrin aprende que há mais por detrás do jovem desfeito e dos estranhos membros do seu lar do que ela pensava. Poderá ser apenas através do amor e da determinação dela que a maldição será desfeita e Anluan e a sua gente libertados.

A MINHA OPINIÃO:

Sangue-do-Coração é um livro enfeitiçante que invoca a nossa infância de contos-de-fadas de encantar, de belas princesas e de bruxas más. É uma versão mais madura da Bela e o Monstro de Marillier. Apesar de ter a essência do clássico, a história é grande por mérito próprio. A autora cria uma atmosfera mágica que lembra Jane Eyre ou mesmo O Monte dos Vendavais devido a Whistling Thor, a colina que sussurra, um lugar místico e tão antigo como tempos imemoriais. O enlevo de Marillier pelas histórias tradicionais é bem vísivel, nas pequenas homenagens que ela planta ao longo dos capítulos.Adorei a introdução dos espelhos, objectos que tantas vezes surgem nos contos como poderosos, visionários ou destruidores. Caitrin é uma protagonista típica da escritora. Ela suplanta os infortúnios do seu passado e atreve-se a mostrar o caminho da esperança a Anluan. Apesar de não ter a força e a atracção de Sorcha de A Filha da Floresta, Caitrin é voluntariosa e bondosa e é impossível não torcer por ela. Anluan, o chefe tribal é, para mim, a personagem mais marcante. É jovem mas, está acabrunhado pela responsabilidade e pela solidão. A sua transformação ao longo do livro, é notável. Juliet Marillier conseguiu mais uma vez que me emocionasse com a jornada das suas personagens e que eu lesse madrugada adentro em busca de respostas. Todavia, Sangue-do-Coração não é fenomenal como Sevenwaters ou As Crónicas de Bridei. Culpo a sua previsibilidade. O ambiente continua a ser mágico, a escrita apaixonante porém, o desenlace não teve nada de inesperado, que me surpreendesse, o que faz deste livro, uma leitura menor entre o panteão das obras de Marillier. Ainda assim, é a melhor reinvenção de A Bela e o Monstro que já li e a autora é suficientemente perspicaz para nos fazer meditar sobre o preconceito e a diferença!

5/7- MUITO BOM