Uma floresta assombrada. Um castelo amaldiçoado. Uma jovem que foge do seu passado e um homem que é mais do que parece ser. Uma história de amor, traição e redenção...
Whistling Tor é um lugar de segredos, uma colina arborizada e misteriosa que alberga a fortaleza deteriorada de um chefe tribal cujo nome se pronuncia no distrito em tons de repulsa e de amargura. Há uma maldição que paira sobre a família de Anluan e o seu povo; os bosques escondem uma força perigosa que pronuncia desgraças a cada sussurro.
E, no entanto, a fortaleza abandonada é um porto seguro para Caitrin, a jovem escriba inquieta que foge dos seus próprios fantasmas. Apesar do temperamento de Anluan e dos misteriosos segredos guardados nos corredores escuros, este lugar há muito temido providencia o refúgio de que ela tanto precisa.
À medida que o tempo passa, Caitrin aprende que há mais por detrás do jovem desfeito e dos estranhos membros do seu lar do que ela pensava. Poderá ser apenas através do amor e da determinação dela que a maldição será desfeita e Anluan e a sua gente libertados.
A MINHA OPINIÃO:
Sangue-do-Coração é um livro enfeitiçante que invoca a nossa infância de contos-de-fadas de encantar, de belas princesas e de bruxas más. É uma versão mais madura da Bela e o Monstro de Marillier. Apesar de ter a essência do clássico, a história é grande por mérito próprio. A autora cria uma atmosfera mágica que lembra Jane Eyre ou mesmo O Monte dos Vendavais devido a Whistling Thor, a colina que sussurra, um lugar místico e tão antigo como tempos imemoriais. O enlevo de Marillier pelas histórias tradicionais é bem vísivel, nas pequenas homenagens que ela planta ao longo dos capítulos.Adorei a introdução dos espelhos, objectos que tantas vezes surgem nos contos como poderosos, visionários ou destruidores. Caitrin é uma protagonista típica da escritora. Ela suplanta os infortúnios do seu passado e atreve-se a mostrar o caminho da esperança a Anluan. Apesar de não ter a força e a atracção de Sorcha de A Filha da Floresta, Caitrin é voluntariosa e bondosa e é impossível não torcer por ela. Anluan, o chefe tribal é, para mim, a personagem mais marcante. É jovem mas, está acabrunhado pela responsabilidade e pela solidão. A sua transformação ao longo do livro, é notável. Juliet Marillier conseguiu mais uma vez que me emocionasse com a jornada das suas personagens e que eu lesse madrugada adentro em busca de respostas. Todavia, Sangue-do-Coração não é fenomenal como Sevenwaters ou As Crónicas de Bridei. Culpo a sua previsibilidade. O ambiente continua a ser mágico, a escrita apaixonante porém, o desenlace não teve nada de inesperado, que me surpreendesse, o que faz deste livro, uma leitura menor entre o panteão das obras de Marillier. Ainda assim, é a melhor reinvenção de A Bela e o Monstro que já li e a autora é suficientemente perspicaz para nos fazer meditar sobre o preconceito e a diferença!
5/7- MUITO BOM