domingo, 24 de fevereiro de 2013

Devaneios Cinematográficos... Silver Linings Playbook (2012) de David O. Russell


A MINHA OPINIÃO:


Silver Linings Playbook é um filme baseado no livro homónimo de Mathew Quick e está nomeado para oito Óscares da Academia. Em português foi denominado de Um Guia para um Final Feliz.É dos mais originais e estranhos que já vi. Aborda cuidadosamente a doença psiquiátrica sem cair no dramatismo excessivo mas também não é totalmente supérfluo.  Toca-nos porque nos lembra daquelas pequenas e ridículas obsessões e superstições que todos  temos, ao mesmo tempo que, nos distancia o suficiente para que nos apercebamos o quão evidente é o sofrimento que os distúrbios do humor trazem aos que deles padecem. O realizador David.O Russell tem um sentido de oportunidade fantástico conjugando os diálogos e o argumento impecáveis com sequências verdadeiramente singulares sem grandes artefactos. A maneira como o filma dá-nos aquela sensação de omnipresença como se nós, por um momento, fôssemos  as personagens.É tremendamente demolidor assistir aos efeitos da doença mental. Não são apenas discutidos, são atrozmente sentidos contudo, a metragem que não carece de humor. É genuinamente e absurdamente engraçado porque os protagonistas Pat e Tiffany não têm inibições ou filtros como os meros mortais ou seja, as suas conversas e acções são  tão honestas que, às vezes, atingem o hilariante sem cair na vulgaridade. Bradley Cooper (Pat) e Jennifer Lawrence ( Tiffany) beneficiam ainda de uma química orgânica e estonteante. Cooper é perturbador na sua interpretação de um doente bipolar com as suas alterações de humor repentinas que afectam profundamente o seu mundo. As mudanças subtis que ele incute ao personagem são belíssimas. Por exemplo, Pat  é comprometido fervorosamente a um lema positivo e repete-o constantemente como se o ajudasse a encontrar o seu amor  pelo seu ser com todas as suas particularidades e Bradley Cooper é tão expressivo que sentimos a sua luta interior e lhe desejamos o melhor. Jennifer Lawrence não é de todo inferior. Ela dá a vida a Tiffany dotando-a de imprevisibilidade, teimosia e de uma firmeza inabalável. É uma presença marcante daquelas que jamais passariam despercebidas! A interacção entre ambos é notável... Outro actor que não poderia ficar sem ser mencionado é Robert de Niro. Que ele é um intérprete fenomenal, já eu sabia todavia, neste filme sobressai-se do elenco secundário. Os seus últimos trabalhos foram algo banais o que não esconde o actor supremo que ele é. Neste filme, ele, pai de Pat,  é comovente e arrebatador! Para mim, De Niro tem das melhores cenas do filme especialmente, quando se dirige ao filho e transparece também ele, uma vulnerabilidade ao lidar com a sua compulsão obsessiva e com as suas consequências.


Eis um filme que nos recorda de que há sempre esperança, que somos todos diferentes mas, todos sem excepção temos uma chance em sermos felizes. E mesmo no meio das ruínas deixadas pela doença há amor, ternura e risos. Quando não temos nada a perder, somos mais autênticos e emergimos dessa situação difícil mais sábios e combativos. 

TRAILER:



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A Viagem de Morgan de Colleen McCullough


A sinopse contém spoilers!!! Se não os quiser avance para a opinião!!!


Richard Morgan é filho de um taberneiro de Bristol, sensível e instruído, com um dom especial para fabricar mosquetes de pederneira, que a Inglaterra tenciona utilizar contra as suas revoltadas colónias americanas.Quando Richard arranja trabalho numa destilaria de rum, a sua eficiência e perspicácia levam-no a encontrar vários canos escondidos, que tem de denunciar, já que desviam ilegalmente 800 galões desta bebida por semana, de modo a fugir aos impostos. É assim que se encontra envolvido numa teia de corrupção que o vai levar a ser aprisionado num dos vários navios de deportados ancorados em Inglaterra e depois noutro, com destino à nova colónia penal que é a Austrália.Enquanto Morgan tenta resistir a desastres naturais e às falsidades e subterfúgios dos outros sobreviventes, vemos formar-se diante dos nossos olhos um microcosmos da audaciosa sociedade em que a Austrália se haveria de transformar.A investigação brilhante e exaustivamente realizada a todos os pormenores da época que serve de cenário à obra, torna-a memorável e verosímil com a reprodução de mapas, quadros, plantas de navios e outros materiais. A Viagem de Morgan, é pois, um excelente romance de aventuras, com a indomável energia e o ritmo imparável de um filme de acção.


A MINHA OPINIÃO:



A Viagem de Morgan é outra obra extraordinária de Colleen McCullough! O início é marcado pelo pormenor exímio da escritora que pode desconcertar os estreantes porém, para os veteranos como eu ( veterana, neste caso), é só primeiro passo para uma grande história. É um livro que me emociona e me ensina... McCullough escolhe um protagonista que não é rico ou nobre. Richard Morgan é um humilde e pacífico homem que é obrigado a reagir quando a Inglaterra começa a sofrer as consequências da Guerra de Independência dos Estados Unidos da América. É através dos seus olhos que a escritora nos apresenta uma realidade crua e despojada de eufemismos. A mestria dela está na beleza e no detalhe das suas descrições bem como no enquadramento histórico brilhante que lhe serve de alicerce para construir a épica saga de um homem que face às adversidades e a um novo destino cresce e nos apaixona. É claro que as primeiras páginas podem fazer desistir quem não aprecia um estilo tão descritivo porém, a mim não demoveu. Aliás, foi de uma utilidade preciosa pois, gosto de raciocinar e criar cenários no meu imaginário. Lá materializou-se uma Bristol, um Rio de Janeiro e uma Austrália do século XVIII. O contraste entre o Rio e a Cidade do Cabo é particularmente delicioso! Há um choque silencioso de culturas com as suas cores e aromas que invadem o leitor de um modo inebriante. Nunca caí no aborrecimento e revelou-se uma leitura extremamente viciante! Colleen McCullough possui uma capacidade notável: transforma o mais entediante dos acontecimentos num momento de verdadeira emoção. Pode haver uma grande história a servir de bandeja mas, o que conta é o que está a ser servido! Aí reside o segredo de mais este livro: a pequena história que se alimenta da grande história é devido à sua genialidade, na realidade, o foco inequívoco  da nossa atenção! É o que torna os seus livros tão humanos e tão absorventes... No entanto, A Viagem de Morgan não tem o mesmo brilho de outros volumes da autora. Para mim, não foi soberbo contrariamente a outros trabalhos dela. Coloco a culpa em Richard Morgan. Apesar de ser uma personagem credível e capaz de transportar o fardo tremendo de ser principal numa obra como esta é pálido quando comparado com Alexander Kinross (O Toque de Midas), Ralph de Bricassart ( Pássaros Feridos) ou mesmo Aquiles ( A Canção de Tróia). Falta-lhe aquelas imperfeições gritantes que nos fazem amar como a mesma violência com que odiamos! Morgan é demasiado merecedor da nossa paixão e, literáriamente eu aprecio o tumulto de uma acção moralmente dúbia. Mas, não quero com as estas palavras denegrir a imagem deste excelente livro... Não é dos melhores de Colleen McCullough todavia, tomara a muitos escreverem obras assim!

6/7- EXCELENTE

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Devaneios Cinematográficos... The Impossible (2012) de Juan Antonio Bayona


A MINHA OPINIÃO:


Os filmes de grandes tragédias naturais com vulcões prestes a explodir e grandes tornados ao virar da esquina nunca me atraíram muito. Normalmente, o argumento é paupérrimo e é sempre a mesma história com um amor meloso encaixado algures. Nunca mais direi nunca! The Impossible mudou completamente a minha percepção negativa. Baseado numa história verídica, é muito acirrante e incrivelmente comovente. Apesar de ser potencialmente previsível pois, alguém tinha de sobreviver para contar a história, não consegui tirar os olhos do ecrã.  O realizador e os produtores apostaram nas personagens ao invés do espectáculo de efeitos visuais que circunda este género de metragens. Eles estão lá e são brutalíssimos ( a onda do tsunami parece uma imagem documental) porém, são relegados para segundo plano. Ao focar a família que busca a sobrevivência e os seus entes queridos pelo meio dos destroços, o filme ganha humanidade. É emocionalmente visceral e a dor da separação dói-nos tanto quanto as feridas sangrentas e expostas. Os actores adultos são exímios porém, quem me surpreende muito são as crianças. A Naomi Watts e o Ewan McGregor são decentes intérpretes comprovado pelos inúmeros filmes premiados no seus currículos no entanto, Tom Holland, o Lucas, o filho mais velho é formidável! É tão desesperante e tão tocante na composição da sua personagem que me arrepia e arrebata ao ponto de me levar às lágrimas ( e isso não é fácil! ).


O filme peca por não ser mais abrangente. Se por um lado, a atenção centrada nos protagonistas é boa porque permite criar uma grande empatia com eles, não temos muito a noção de como os tailandeses e os habitantes locais sofreram e encararam o desastre natural. Quase não aparecem no ecrã e fez-me alguma confusão. Ainda assim, vale a pena ver este filme e aviso desde de já que o remoinho de mar, árvores, pessoas e restantes destroços é memorável e fez-me pensar seriamente no que faria se estivesse naquela situação horrenda.

TRAILER DO FILME:


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Devaneios de Séries... Sense & Sensibility (2008)- Sensibilidade e Bom Senso


A MINHA OPINIÃO:

Sense & Sensibility (2008) é uma mini-série de três episódios produzida pela BBC baseada no livro homónimo de Jane Austen. Andrew Davies, o argumentista, é audacioso marcando o início do primeiro episódio com uma cena de sedução. Choca porque não é definitivamente algo que Jane Austen escreveria. Cria animosidade contra uma personagem que aparecerá de novo mais tarde. Admito que tira o factor surpresa a essa história particular para quem nunca tenha lido o livro. Porém, esta adaptação não deve ser julgada  tão severamente por este acontecimento. Aliás, após este incidente retorna ao bom temperamento "austiano" e cada momento é pautado pela sobriedade mas também pela genuína emoção. Três episódios permitem aprofundar personagens secundárias que num filme não teriam tanto tempo para brilhar como a emproada Mrs Ferrars ( Jean Marsh). Ela e a filha, Fanny (Claire Skinner) são insuportáveis com a sua tendência para o mexerico e para a aparência. O ódio que lhes ganhei rapidamente se transformou em comiseração ou mesmo riso porquanto da sua ridícula figura. As irmãs Steele que tem um papel pequeno mas, vital nesta história também são mais elaboradas e Anne proporciona humor com as suas maneiras desajeitadas. O Coronel Brandon é outra personagem que é bem mais desenvolvida que nas adaptações posteriores o que muito agradou visto ser das minhas favoritas no livro. David Morrisey não corresponde inteiramente a descrição física de Austen mas, encarna Brandon com primor dotando-o daquele sentido de honra inabalável. Por outro lado, Willoughby (Dominic Cooper) é retratado obscuramente e com uma aura quase maquiavélica. Não gostava muito dele no livro e aqui ainda gostei menos. 


Quanto as protagonistas, Marianne e Elinor, elas trocaram-me às voltas. No livro, preferi Marianne (Charity Wakefield), a mais emotiva e romântica todavia, nesta mini-série adorei Elinor. Hattie Morahan criou uma mulher estóica, sensata tal como no livro e acrescentou-lhe um toque de vulnerabilidade que muito apreciei. É impossível não gostar dela e não torcer pela sua felicidade. A Marianne de Wakefield não me apaixonou tanto não obstante é uma interpretação impecável e a química entre as duas irmãs é fabulosa!

Edward Ferrars de Dan Stevens é um total gentleman. A acreditar em reencarnações, diria que Stevens deveria ter sido um lorde na época vitoriana. Quem conhece Downton Abbey, perceberá o que eu quero dizer. Os papéis de época assentam-lhe perfeitamente. É muito expressivo e a ternura e o calor humano que emana destaca-o da restante família e tal como as Dashwood(s) adorei-o.No geral, o elenco é muito competente e aprazível e a mini-série vive muito dele. Sofri, ri, regozijei e vi os episódios todos numa noite de tão viciantes que eram. Os cenários também são magníficos: as grandes mansões, o verde quase irreal do campo e a beleza da casa das Dashwood (s) beira à mar são de tirar o folêgo! 
Uma adaptação de um clássico como esta nunca poderá agradar a todos os espectadores. Haverá sempre alguém que não concordará com certos pormenores porque criou uma imagem completamente oposta quando leu o livro. Eu incluo-me no grupo dos que a apreciaram bastante e atrevo-me a afirmar que a achei mais emotiva e arrebatadora que o livro.

TRAILER:


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Sensibilidade e Bom Senso de Jane Austen


"Sensibilidade e Bom Senso", o primeiro livro de Jane Austen, publicado em 1811, conta a alegre e satírica história de duas irmãs. A instintiva e apaixonada Marianne e a sensata e mundana Elinor.
Embora o coração impaciente de Marianne a deixe vulnerável aos males de amor, as qualidades opostas de Elinor também não a protegem dos problemas emocionais.
"Sensibilidade e Bom Senso" - um retrato psicológico e social da pequena-burguesia do século XVIII.

A MINHA OPINIÃO:

Sensibilidade e Bom Senso foi uma leitura que me deixou repartida. Apesar de a apreciar bastante não me apaixonei profundamente como eu esperava. A história não me era estranha.Vi a adaptação cinematográfica de Ang Lee de 1995 há alguns anos pelo que me lembrava dos destinos de algumas personagens. Talvez essa foi uma da razões de eu não amar este clássico como milhares e milhares de leitores. Contudo, há que reconhecer o mérito de Jane Austen. Ela faz um retrato perfeito da sociedade inglesa absorvida pela futilidade e vaidade. Uma sociedade que se alimenta de aparências, se intromete na vida alheia como se fosse natural e julga com base no exterior e não no sentimento. Fanny e Mrs Ferrars são o cúmulo deste síndrome. Elas quase que adquirem contornos de caricatura nas mãos da escritora e, às vezes, não sabia se me exasperava ou se ria da sua figura. A obsessão pela estabilidade económica através do matrimónio é um dos objectos favoritos para a sátira de Jane Austen. Frequentemente, o homem é "medido" pelo rendimento que tem. Um dos meus entraves à minha leitura também foi isso, a  enumeração constante de quantas libras vale um homem. São tantas as menções que chega ao ponto da exaustão. Percebo que faz parte da crítica áspera da autora porém, a análise de Austen é tão severa que não há muita margem para o sarcasmo ou humor que certamente, infundiriam a história de mais vida. Quem brilha no livro e me agarrou às páginas foram as irmãs Elinor e Marianne Dashwood. Foi a originalidade das suas vidas que me surpreendeu. Fazendo jus ao título do livro, a mais velha, Elinor é mais sensata e prudente  e Marianne é a mais emotiva e volátil. O seu crescimento ao longo do livro é tão revelador porque nos apercebemos com elas que face ao amor e aos obstáculos da vida, há que existir um compromisso entre os dois mundos, o da sensibilidade e o do bom senso. As irmãs destoam por completo da sociedade por não valorizarem a superficialidade. A história de Elinor e de Edward é encantadora todavia, a que mais marcou foi a de Marianne. Não é tão linear e senti, genuinamente, cada passo da sua tortuosa caminhada.
Assim, Sensibilidade e Bom Senso foi um livro que ficou aquém das minhas expectativas. Não é definitivamente um mau livro, longe disso mas, é parco em divertimento, restringindo-se quase sempre a pintar o quadro da pequena burguesia. No entanto, há que ressalvar que esse quadro é notável e só por isso, é um livro que merece ser lido (quem se atrever!).

4.5/7- BOM**

TRAILER DO FILME:


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Rosas de Leila Meacham



“Mary nunca, por nunca desistiria da plantação. Isso significaria trair o seu pai e o pai dele e todos os Toliver antes deles que haviam lutado para arrancar a terra à floresta, que haviam suado e labutado, sacrificado e morrido pelos milhares de hectares que viviam para ver crescer com orgulho do seu trabalho. Jamais seria capaz de sacrificar Somerset por causa do orgulho masculino! Mas... amava Percy. Ele era um tormento constante que ela não conseguia esquecer, por muito que tentasse.”


A MINHA OPINIÃO:

Rosas de Leila Meacham é uma leitura muito emocionante e daquelas que faz virar páginas atrás páginas até ao fim. Porém, quando se o atinge fica aquela sensação de vazio pois, não queríamos que acabasse. O meu espírito de leitora fraqueja quando encontro uma história de várias gerações da mesma família. Não o consigo evitar. E quando é cheio de personagens deliciosas é impossível resistir! No entanto, é inevitável a comparação com outros clássicos da literatura. Faz-me lembrar um pouco E Tudo o Vento Levou pelo amor da protagonista pela terra e Os Pássaros Feridos pela paixão assolapada mas, proibida. Obviamente, Rosas não alcança o patamar de tais obras. É uma afirmação que faço sem qualquer tipo de malícia. É um livro fabuloso por seu próprio mérito... Tem uma escrita fluída, é riquíssimo de belas imagens que guardarei para sempre no meu coração e a importância das rosas e do seu significado dá-lhe um toque de ternura e de classe. Todavia, Leila Meacham comete ligeiros erros na parte final da história. Para mim, não foi tão apaixonante como o início avassalador. Tornou-se previsível nas suas acções e consequentemente,  um pouco longo de mais. É o que o distingue dos restantes. Não obstante, é um livro que arrebata e que nos leva a ler madrugada adentro sem qualquer remorso (e com uma bela ressaca no dia seguinte!). Somerset que Mary tanto ama, materializa-se em frente aos nossos olhos e quase vemos a brancura do algodão e sentimos o cheiro a terra molhada. As agruras e alegrias da vida são moldadas consoante a antiquíssima plantação. Mas será que vale a pena? Percy, Ollie e Mary são a prova viva de como o passado influencia irremediavelmente o futuro e o que resta é um depois complexo e intrigante. Nenhuma personagem é intragável. São todas encantadoras, cada uma a sua maneira e mesmo quando elas nos aborrecem por optarem pelo caminho mais tortuoso e aparentemente mais estúpido, não as deixamos de amar. Todas têm um papel a cumprir num livro que vive muito de desencontros e amores de todos os tipos e feitios. É genuíno e com uma narrativa poderosa que não deixará ninguém indiferente!

6/7-EXCELENTE

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Selinho Literário 2013


Obrigada Sandra, José, Catarina, Maria, Kel, Rita, Chaiselonge, Ana e Fiacha (Cliquem nos nomes para aceder aos blogues). Se me esqueci de alguém avisem-me, por favor. Obrigada amores pelo miminho!


As regras são:

1.Indicar um mínimo de dois livros que gostei de ler em 2012 (sem limite máximo);
2. Indicar pelo menos três livros que desejo ler em 2013 (sem limite máximo);
3. Indicar o nome e o link de quem ofereceu o selo;

Oferecer o selo a mais 10 pessoas para dar sequência a este projecto de incentivo à leitura. 

Dois livros que gostei de ler em 2012:

A Canção de Tróia de Colleen McCullough
E Tudo o Vento Levou de Margaret Mitchell

Mas 2012 foi ano excelente para as leituras... Os melhores estão aqui: http://devaneiosdajojo.blogspot.pt/2013/01/balanco-e-top-leituras-2012.html

Três livros que desejo ler em 2013:

Ai são tantos e sou de manias! Às vezes apetece-me ler um e outras vezes outro mas, este ano queria ler o Dr. Zhivago de Boris Paternak ( estou a ganhar coragem), o segundo volume da trilogia de Paullina Simons e As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley ( tenho de os ter primeiro).

Vou retribuir o selo a todos os que me amavelmente me deram e vou enviá-lo aos seguintes blogues:


Tentei dar o selinho a quem ainda não tem.:)

O Último Cabalista de Lisboa de Richard Zimler

Em Abril de 1506, durante as celebrações da Páscoa, cerca de dois mil cristãos-novos foram mortos num progrom em Lisboa e os seus corpos queimados no Rossio, O Último Cabalista de Lisboa, best-seller em onze países, incluindo os Estados Unidos da América, Inglaterra, Itália, Brasil e Portugal, é um extraordinário romance histórico tendo como pano de fundo os eventos verídicos desse mês de Abril de 1506.

A MINHA OPINIÃO:

O Último Cabalista de Lisboa é um livro tremendamente chocante! O seu contexto histórico é de uma brutalidade e inumanidade que apavora quem tem o mínimo de consciência e quem reconhece o livre arbítrio como parte incontestável do ser humano. É impressionante o quão grande é a História de Portugal! Há conquistas, vitórias e belas memórias que ainda hoje inspiram os que se predispõem a descobri-las. Porém, também há acontecimentos negros e de uma pobreza de alma verdadeiramente trucidantes. Zimler é de uma precisão fenomenal  ao descrever sem eufemismos a perseguição aos judeus no fatídico mês de Abril de 1506. A amargura, a revolta e a indignação são palpáveis na sua escrita. Uma autêntica viagem no tempo! A religião judaica é esmiuçada e encarada como o cerne da história. E é assim que deve ser! Há autores que tem medo de se imergir numa cultura ou numa religião quando escrevem, o que nos dá aquela sensação de falsidade ou de não realidade, se preferirem. Pelo contrário, Zimler é meticuloso, historicamente e religiosamente perfeito. Usa vocabulário próprio e expressões características que no início me confundiram por serem tão distintas do meio em que vivo. Todavia, não foi nada que me impedisse de apreciar o livro. Foi um privilégio conhecer e aprender sobre o judaísmo. É na ignorância que reside a maioria dos mal-entendidos e a estupidez da guerra. Richard Zimler tece de Lisboa um retrato sombrio e asfixiante. O seu mérito está em conseguir que nos sintamos sufocados ou perseguidos independentemente da religião que professamos. É triste encontrarmos uma mancha tão negra no nosso passado. Berequias Zarco é o protagonista que nos conduz pelas ruas da cidade e pelo meio da destruição de corpos e de almas. A sua amizade com Farid, um muçulmano, é provavelmente o que de mais belo há no livro. É a esperança de que é possível conviver e respeitar outro ser humano com crenças diferentes. Na verdade, eles é que são os seres humanos apesar de serem caçados como animais. O escritor serve-se de Berequias para incutir emoção mas também mistério à história o que aumenta ainda mais a velocidade de leitura. No fim, a sua busca tornou-se um bocadinho cansativa para mim e esse é o único reparo que faço ao livro. Estava a suplicar por uma solução num misto de curiosidade com cansaço porque já não suportava ler mais uma página que fosse sem uma revelação( é preciso dizer que estava em época de exames na faculdade!). No entanto, O Último Cabalista de Lisboa é uma leitura excelente, audaz e crua sobre um período conturbado e ominoso da história da Humanidade e cuja sinceridade aplaudo de pé!

5/7-MUITO BOM

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Exames feitos...

Depois de horas e horas de estudo fiz o meu último exame na sexta. Ainda não sei o resultado de dois mas, estou com uma grande esperança de ter debelado esses obstáculos. Se assim for, está o 1º semestre do 5º ano de Medicina feito! xD E isso significa mais tempo para as minhas leituras e para os Devaneios.
São várias as críticas em atraso e os selinhos que amavelmente me deram:). Mas, por agora vou aproveitar o estado de semi-férias e vou à Feira dos Alfarrabistas do Chiado. Vemo-nos por aí!

Beijinhos a todos e boa sorte a quem ainda está em exames:)