terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Cavalo de Fogo- Paris de Florencia Bonneli


Uma poderosa história de amor tendo como pano de fundo o conflito israelo-palestiniano

Matilda Martínez, uma jovem pediatra argentina, viaja até Paris para aprender o idioma antes de partir para o Congo, ao serviço de uma ONG, para ajudar os mais carenciados. Apesar das suas inseguranças, traumas e dramas, a determinação de Matilde é tão forte que nada nem ninguém conseguirá demovê-la de cumprir o seu sonho.
Eliah Al-Saud é um homem poderoso e sem piedade, descendente da família real saudita. Dono de uma empresa de segurança privada, o negócio serve de fachada a um outro tipo de serviços: de espionagem, segurança e formação de mercenários.
Desde o seu primeiro encontro que o destino os unirá numa paixão tão intensa e irrefreável que nada poderão fazer para evitar a conspiração crescente que ameaça não apenas o seu amor, mas também as suas vidas.
No cenário ameaçador e bélico do conflito israelo-palestiniano, Matilde e Eliah viverão uma aventura que os levará a percorrer o mundo e a enfrentar os perigos que cercam todos aqueles que ousam desafiar os impérios dominantes.

A MINHA OPINIÃO:

Cavalo de Fogo-Paris é o meu ansioso regresso a Florencia Bonneli, autora de um dos meus romances históricos favoritos, O Quarto Arcano. Com as expectativas tão elevadas era quase inevitável, uma desilusão momentânea. A memória atraiçoa-nos e a certeza de que vamos reencontrar personagens tão marcantes é obviamente defraudada. Cavalo de Fogo- Paris não é um O Quarto Arcano porém, é mais uma leitura excelente! É mais contemporâneo. Expande-se geograficamente por uma vastidão de países e respectivas culturas e religiões. França é o cenário mais visitado contudo, a Argentina, a Inglaterra, o Iraque e a Arábia Saudita também estão presentes. 
Bonneli tem a capacidade rara de tornar todas as suas personagens dignas do nosso amor. Matilde conquista-o de imediato pela sua postura perante a vida e pela sua presença angelical. No entanto, Eliah não é de todo o mais sedutor enquanto personagem. É detentor de uma empresa que prolifera com a guerra, um mercenário que, à primeira vista, repudiaria o leitor. Mas, a escritora é hábil a construir a história de ambos. Por entre mistérios e segredos do passado, ela faz cair as máscaras e as charadas e tornam-os empáticos e merecedores da nossa atenção. Não destoando do seu registo habitual, Florencia Bonneli condimenta o livro com um amor de dimensão estonteante e muito sensualidade. As personagens secundárias são também muito bem delineadas. O círculo em que Eliah se movimenta tem de tudo desde os seus sócios, os seus amigos Moses ( em pé de guerra um com outro!), até à sua família de sangue que é enorme abarcando religiões e nacionalidades completamente distintas. Entre os seus colaboradores encontramos os três irmãos: Sandór, Diana e Leila que sobreviveram às atrocidades da guerra. Apesar dos paralelismos, cada um tem a sua história de resiliência não obstante, todas são incrivelmente tocantes. Se o círculo de Eliah já era de tudo menos monótono acrescente-se Juana, a hilariante e a entusiasta amiga de Matilde, o pai misterioso da protagonista e o ex-marido Roy e logo, há faíscas pelo ar! Não é uma obra melosa e, embora o foco seja o casal protagonista, ambos são capazes de existir por si sós com personalidades distintas que evoluem mas, não definham e não caiem no disparate.  
Cavalo de Fogo- Paris é um romance completo com laivos de policial, intriga política, roubo e plágio científico, tráfico de armas e claro, um amor extraordinário permeio. Contudo, a autora podia ter explorado um pouco mais a profissão de Matilde, cirurgiã pediátrica, e através disso mostrar um pouco mais da sua força e determinação. Aqui conhecemos uma mulher mais frágil que sim, tem momentos de perseverança mas, fica na sombra de Eliah Al-Saud. Perto do fim, começa a surgir essa faceta mais poderosa de Matilde que espero continuar a ver no segundo volume. 
Este livro é mais uma extraordinária criação de Florencia Bonneli e que segue na tradição dos anteriores que li dela. Acaba de forma inesperada o que predispõe a uma corrida ao seguinte da trilogia.

6/7-EXCELENTE 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Irmãs de Sangue - Trilogia de Langani I de Barbara & Stephanie Keating


Das autoras do bestseller À Minha Filha em França

Quénia, 1957. Durante a infância, três meninas de meios sociais muito diferentes tornam-se irmãs de sangue: a irlandesa Sarah Mackay, a africânder Hannah van der Beer e a britânica Camilla Broughton Smith juram que nada nem ninguém quebrará o laço que as une. Mas o que o futuro lhes reserva vai pôr à prova os seus sonhos e certezas.
Separadas pela distância e pelas obrigações familiares, as três jovens são atiradas para um mundo de interesses em conflito. Camilla alcança o sucesso como modelo na animada Londres da década de 1960; Sarah Mackay é enviada para a universidade na sua Irlanda natal, uma experiência penosa que apenas fortalece a sua determinação de voltar para África; e a família de Hannah Van der Beer esforça-se para manter a fazenda que os seus antepassados africânderes erigiram na viragem do século. Os seus laços serão constantemente postos à prova e, a par do exotismo de África, a sua amizade será pano de fundo para interesses amorosos cruzados e promessas quebradas.

A MINHA OPINIÃO:

Irmãs de Sangue é uma leitura sensacional! O que a torna tão especial são os sentimentos... A história está pejada deles! São tão humanos e tão orgânicos que rapidamente, nos ligamos às personagens. Não há nada de forçado em Sarah, Hanna e Camilla. Cada uma tem personalidade e passado distintos porém, a amizade que as une é facilmente reconhecível. Os seus caminhos tão diferentes mas, com África como ponto de partida transformam este livro numa leitura apaixonante e absolutamente viciante! O Quénia e todo o continente africano são, por si sós, personagens. As descrições vívidas e sublimes do calor, da cor daquela terra ancestral e da beleza natural são tão reais que as sentimos como nossas.  O amor que as três amigas de sangue, Piet e Anthony nutrem por aquela imensidão de terra é o do leitor. Tudo se funde. Ele deixa de ser um mero espectador e vive com paixão cada minuto e cada sensação que os protagonistas lhe trazem. É uma saga familiar cuja miscelânea de alegria e tragédia é intoxicante ( no bom sentido!). Jamais esperamos as reviravoltas que se adivinham não obstante, choramos e rimos com elas.
É provável que este livro passe muitas vezes, despercebido nas livrarias porque é capaz de ser colocado na categoria " romance de cordel". No entanto, isso é uma total injustiça. É tão mais que isso. Revolve em torno da política e da turbulência social entre o estatuto de colónias, pós-independência, conflito tribal e a descriminação racial. É verdadeiramente arrepiante testemunhar a luta e a sobrevivência dos seus intervenientes. Dentro deste panorama geral, ainda há as pequenas grandes histórias tão genuínas como o amor familiar, o segredo de família perigoso, o primeiro amor, o luto e a superação perante a adversidade. O número de páginas não é relevante pois, é impossível parar ler! A escrita não é rebuscada, é até muito simples, mas no seu âmago encontra-se mais uma vez, o sentimento. É o que conduz o livro... Seja a paixão de Sarah por Piet, a tristeza de Camilla em relação à situação dos pais ou a insegurança de Hannah, esta é uma obra de grandes emoções que já é uma das preferidas de sempre!
Irmãs de Sangue marcou-me profundamente e como há ainda mistérios por desvendar aventuro-me em breve no segundo volume desta trilogia.
6.5/7- EXCELENTE**

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Novas aquisições... Prendinhas de Natal!:D

 
A pedido de muitas famílias, coloco aqui as minhas prendinhas de Natal. Foram tão boaaaas!... Adoro receber livrinhos. Os tempos não estão fáceis e tenho evitado comprá-los mas, houve algumas alminhas que se lembraram de mim. :D
 
E vocês, como foi o vosso Natal? Receberam livros?
Eu virei a patroa de arranjos florais como o que está na fotografia e inventei umas receitas deliciosas de broas e bolinhos. Qualquer dia partilho...

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A Filha do Conspirador de Philippa Gregory

"Perdi o meu pai numa batalha, a minha irmã às mãos de uma espia de Isabel Woodville, o meu cunhado às mãos do seu carrasco e o meu sobrinho às mãos de um seu envenenador, e agora o meu filho foi vítima da sua maldição…"

A apaixonante e trágica história de Ana Neville e da sua irmã Isabel, filhas do Conde de Warwick, o nobre mais poderoso da Inglaterra durante a Guerra dos Primos. Na falta de um filho e herdeiro, Warwick usa cruelmente as duas jovens como peões, mas elas desempenham os seus papéis de forma previdente e poderosa.

No cenário da corte de Eduardo IV e da sua bela rainha Isabel Woodville, Ana é uma criança encantadora que cresce no seio da família de Ricardo, Duque de Iorque, transformando-se numa jovem cada vez mais corajosa e desesperada quando é atacada pelos inimigos do seu pai, quando o cerco em seu redor se aperta e quando não tem ninguém a quem possa recorrer, a quem possa confiar a sua vida.
 
A MINHA OPINIÃO:
 
A Filha do Conspirador foi uma excelente surpresa! Após o pequeno revés que tive com A Rainha Vermelha que tinha uma protagonista intolerável, foi agradabilíssimo conhecer Ana Neville, filha do Fazedor de Reis. A evolução da rapariga que era um mero peão nas mãos do pai para a mulher de Ricardo, Duque de Iorque é irresistível. O próprio Ricardo, figura controversa da História e célebre devido a Shakespeare, é aqui retratado com inteligência pela escritora. É uma personagem dúbia pois, é o leitor que constrói a sua imagem através do que nos apresenta Philippa Gregory. Não é o eterno romântico porém, também não é o monstro sanguinário que, muitos pintam. Ana trilha o mesmo caminho. Fascina-nos com a sua inocência típica de criança, com sua paixão de adolescente por Ricardo e pela mulher e mãe em que se torna. A evolução gradual de todos os intervenientes desta grande história é, sem dúvida, a sua maior atracção. Ficamos divididos por algumas das suas atitudes, no entanto, não as deixamos de compreender por mais inescrupulosas que sejam. Aos olhos de Ana, os Woodville  ganham outra cor. É uma outra perspectiva da Guerra das Rosas que, ao contrário da de Margarida Beaufort não é afunilada pelo fanatismo religioso. 
Há superstição e o medo que embora, possam parecer infundados, são preponderantes no desenvolvimento de Ana e Isabel Neville. São muito bem fundamentados pela narrativa pois, é típico culparmos o que desconhecemos. particularmente, nestes tempos mais remotos. Confrontada com a acusação de bruxaria a Jacquetta Woodville, Ana  teve uma reacção plausível e defendeu-se, fechando-se sobre si mesma. O receio marcará a sua vida para sempre! Seguem-se reviravoltas intrigantes e alucinantes que prendem o leitor às páginas desta obra. A realidade nunca foi tão saborosa de se ler! Este é um mérito de Gregory que não se limita a enumerar factos e datas. Ela dá-lhe o seu toque muito suis generis que nos leva a rever uma história contada vezes sem conta mas, de outra forma. É ficcionalizada todavia, não perde a sua capacidade de cativar. Esta é até exponencial e permite uma leitura fugaz com um piscar de olhos ao seguinte, The White Princess ( ainda sem tradução em Portugal). Contudo, há algo incómodo neste livro. São as evitáveis traduções literais de nomes próprios. George não é Jorge  e por mais, que o queiramos aportuguesar, isto, na minha opinião, não é o mais correcto.
A Filha do Conspirador é um dos melhores desta saga de Philippa Gregory! É aliciante e verdadeiramente educativo ainda que romanceado.

6/7- EXCELENTE

domingo, 5 de janeiro de 2014

Adeus Eusébio, Pantera Negra...


Esta é uma publicação invulgar para este cantinho. Contudo, Eusébio não era só um jogador do Benfica ou da Selecção de Portugal. Era um símbolo e embaixador do país que tanto amava.
Em 1966, Eusébio chorou por Portugal. Hoje, são os portugueses que o choram...
 
Havia nele a máxima tensão
Como um clássico ordenava a própria força
Sabia a contenção e era explosão 
Não era só instinto era ciência
Magia e teoria já só prática
Havia nele a arte e a inteligência
Do puro e sua matemática
Buscava o golo mais que golo-
só palavra
Abstracção
ponto no espaço
teorema
Despido do supérfluo rematava
E então não era golo –
era poema.
 
Manuel Alegre, sobre Eusébio

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A Rainha Vermelha de Philippa Gregory


Herdeira da rosa vermelha de Lancaster, Margarida vê as suas ambições frustradas quando descobre que a mãe a quer enviar para um casamento sem amor no País de Gales. Casada com um homem que tem o dobro da sua idade, depressa enviúva, sendo mãe aos catorze anos. Margarida está determinada em fazer com que o seu filho suba ao trono da Inglaterra, sem olhar aos problemas que isso lhe possa trazer a si, à Inglaterra e ao jovem rapaz. Ignorando herdeiros rivais e o poder desmedido da dinastia de York, dá ao filho o nome Henrique, como o rei, envia-o para o exílio, e propõe o seu casamento com a filha da sua inimiga, Isabel de York.
Acompanhando as alterações das correntes políticas, Margarida traça o seu próprio caminho com outro casamento sem amor, com alianças traiçoeiras e planos secretos. Viúva pela segunda vez, Margarida casa com o impiedoso e desleal Lorde Stanley. Acreditando que ele a vai apoiar, torna-se o cérebro de uma das maiores revoltas da época, sabendo sempre que o filho, já crescido, recrutou um exército e espera agora pela oportunidade de conquistar o prémio maior
.

A MINHA OPINIÃO:

A Rainha Vermelha é o terceiro livro que leio da saga sobre a Guerra dos Primos ou Guerra das Rosas de Philippa Gregory.
Margarida é a primeira protagonista desta série que não suporto! É ignóbil, mesquinha e cega pela ambição. A sua fé adquire contornos de fanatismo e ela repete-o, constantemente, como um lema como se não o soubéssemos. Torna-se monótono "ouvir" o discurso de Margarida Beaufort. Não sei se é propositado ou não. Apesar deste ininterrupto elogio falseado de humildade a si própria, Margarida é competente como personagem. Gregory retrata-a através dos seus pensamentos, acções e alianças e, por mais, que não inspire confiança ou simpatia , não podemos negar que ela tem coragem. Pode não ser aquela que é contada como a mais bela das virtudes e pode até ser motivada pela loucura contudo, é coragem! Luta pelo direito ( verdadeiro ou não!) do filho ao trono e transforma-se numa hábil política e estratega. Não há como fugir à arrogante e prepotente Beaufort. A autora não é comedida em adjectivar a personagem principal e isso até causa admiração. Ao invés de a descrever como a pobre coitada que teria remorsos e arrependimentos, ela opta pelo oposto, o que provavelmente se assemelhará muito mais à realidade da época. Correndo o enorme risco de a leitura se tornar repulsiva, Philippa Gregory é honesta. Com outro autor, este livro poderia tornar-se num falhanço tremendo todavia, a escritora tem o dom da narração. Não há nada como um mistério ou uma conspiração para agarrar o leitor. É isso que ela faz! Dá ao espectador o outro lado da história de A Rainha Branca para que tire as suas próprias conclusões. No entanto, este "quase" complemento ao primeiro livro, é deficitário em imprevisibilidade. Como o desfecho já é sabiamente conhecido, o efeito surpresa é inexistente. Não obstante, a minha curiosidade por Henrique Tudor e Isabel de Iorque inicia-se aqui. Como fugirão às "garras" das respectivas mães?
A Rainha Vermelha é o que menos aprecio da saga até agora pelas razões acima enunciadas da qual a mais preponderante é a minha antipatia por Margarida. Além disso, ainda me fazem confusão a tradução literal de todos os nomes próprios anglo-saxónicos ( Henry=Henrique). Porquê?...
 
3.5/7- BOM