domingo, 13 de abril de 2014

O Deus do Rio de Wilbur Smith

Durante as celebrações em honra de Osíris, os súbditos leais do actual Faraó reúnem-se para prestar vassalagem ao seu senhor. Somente Taita - um escravo de superior inteligência, que será barbaramente punido nessa altura - o vê como um símbolo da decadência de um reino que já viveu tempos bem mais gloriosos. O perigo espreita todos quantos se opõem à nova elite dirigente. Mas, juntamente com a sua jovem ama Lostris e o seu amigo Tanus, Taita dá início a uma longa e arriscada empresa: a que lhe é traçada pelo sonho de restaurar a majestade do Faraó dos Faraós nas resplandecentes margens do Nilo. 
A MINHA OPINIÃO:

O Deus do Rio é um romance histórico que possui a habilidade fenomenal de nos transportar para uma época tão distante como o Antigo Egipto. Wilbur Smith apresenta descrições sublimes com pormenores tremendos que permitem ao leitor sentir, cheirar e deslumbrar-se com a opulência da corte egípcia ou com a beleza do rio Nilo. É inegável a atmosfera mágica que este livro carrega... O panteão de deuses egípcios, a superstição de um povo e seu quotidiano são tão bem ilustrados que é impossível não se apaixonar por aquela terra. Não há dúvida que Smith consegue envolver o leitor nesta viagem, porém, o seu problema está e não está no seu protagonista, Taita.  Ele é um escravo que presencia tudo mas, se não fosse o narrador seria muito mais apreciado como personagem. Taita soa a demasiado perfeito e, embora fosse submetido a uma terrível provação quando era novo, isso não ofusca o facto de ele saber tudo, fazer tudo lindamente, ser herói e ajudante de herói sem derrotas no seu cartório. Soa a exagero! Ainda mais quando é ele que nos conta a história. É esse o grande paradoxo dos livros narrado na primeira pessoa: ou acertam completamente e há uma harmonia completa entre a evolução do personagem que o narra e das restantes ou então, torna-se demasiado egocêntrica ou ainda demasiado altruísta. Neste  caso, Taita ao contar os seus feitos que, são intermináveis acaba por inconscientemente, centralizar o relato em si e é enfadonho ouvi-lo falar de quão maravilhoso e inteligente, ele é. Inconscientemente, pois não acredito que Wilbur Smith o tenha feito propositadamente. Apenas queria que o seu Taita ganhasse admiração de os leitores. Todavia, as personagens mais cativantes são aquelas que não são totalmente boas, aquelas com uma réstia de maldade. Logo, o livro beneficiaria muito se fosse escrita na terceira pessoa ou narrado de diferentes perspectivas. Seria muito mais abrangente e muito mais viciante! Além de que, há situações muito inverossímeis.
É uma obra que me trouxe o sabor do Antigo Egipto,  a história de Tanus e Lostris que é belíssima e um Taita que tanto me fez amar como odiar o livro. 

4/7- BOM

8 comentários:

  1. Mais um para a wishlist! :P
    É curioso isso que comentas, o facto da personagem se auto-elogiar tanto... Como dizes, a narrativa na terceira pessoa era capaz de ser preferível. Os elogios, quando vindo de terceiros, tomam um valor completamente diferente :)

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    1. José,
      há livros que é mesmo preferível a terceira pessoa. Agora pensando bem só poucos os livros na 1ª que eu gosto.

      Beijinhos*

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  2. Tenho alguns livros deste autor na minha estante mas ainda não li nada dele. Confesso que tenho algum medo de me aborrecer, apesar de gpstar bastante de livros que tenham que ver com o Egipto.

    Bjs

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    1. Olá Ana,
      eu já li dois incluindo este. O anterior lido foi O Sétimo Papiro e gostei muito mais. É um thriller que nunca perde a vivacidade e tem momentos aborrecidos.
      Pelo contrário, este tive de fazer algum esforço para contrariar a vontade de o fechar sempre que o Taita começa a enumerar os seus feitos gloriosos.

      beijinhos*

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  3. Olá,

    Bem adorei este livro em especial o eunuco Taita que personagem, sem ele o livro não era a mesma coisa de todo :D

    Um escritor que gosto muito sem duvida ;)

    Bjs e boas leituras

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    1. Olá Fiacha,

      Infelizmente não partilhamos da mesma admiração pelo Taita. Gostei dele mas, ao mesmo tempo, há momentos em que o acho insuportável.

      Quanto ao escritor conto ler mais dele ;)

      Beijinhos e boas leituras*

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  4. Olá Jojo,

    este é um tema que me fascina. O Antigo Egito é algo de quase surreal e isso atrai-me.
    Gostei muito da tua opinião, bastante sincera. Os livros na primeira pessoa por vezes tornam-se assim. Quando comecei a ler os do Fitz, da Robin Hobb, tive algum receio. No entanto fiquei completamente maravilhada! Talvez pelo facto do Fitz nunca se elogiar =D

    Beijinhos!

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    1. Olá Maria;)
      Também adoro o Antigo Egipto. Por isso, me aventurei neste. Ainda não li Hobb mas tenho os dois primeiros na estante.

      Beijinhos*

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