terça-feira, 28 de outubro de 2014

A Estrada de Cormac McCarthy

Um pai e um filho caminham sozinhos pela América. Nada se move na paisagem devastada, excepto a cinza no vento. O frio é tanto que é capaz de rachar as pedras. O céu está escuro e a neve, quando cai, é cinzenta. O seu destino é a costa, embora não saibam o que os espera, ou se algo os espera. Nada possuem, apenas uma pistola para se defenderem dos bandidos que assaltam a estrada, as roupas que trazem vestidas, comida que vão encontrando – e um ao outro. A Estrada é a história verdadeiramente comovente de uma viagem, que imagina com ousadia um futuro onde não há esperança, mas onde um pai e um filho, “cada qual o mundo inteiro do outro”, se vão sustentando através do amor. Impressionante na plenitude da sua visão, esta é uma meditação inabalável sobre o pior e o melhor de que somos capazes: a destruição última, a persistência desesperada e o afecto que mantém duas pessoas vivas enfrentando a devastação total.

 A MINHA OPINIÃO:

A Estrada é um livro diferente! Desde a sua escrita peculiar ao seu conteúdo pós-apocalítico que nos é dado de uma perspectiva mais intimista, a de um pai e um filho. Cormac McCarthy consegue nos interessar por este pai e este filho que caminham sobre uma paisagem lúgubre e encontram em cada esquina o lado mais cruel e sombrio do ser humano. A prosa desta obra é bela e imensamente credível apesar, da sensação de estranheza inicial. McCarthy é hábil com as palavras e, embora, a sua escrita seja muito distinta do habitual "normal" é um verdadeiro portento em manter a atenção do leitor. É o típico clássico: "primeiro estranha-se depois entranha-se". Um autêntico livro dramático como há poucos. É melancólico e angustiante até ao seu fim logo, não é para o palato de todos. É daqueles livros que tem de ser lido no momento oportuno para ser apreciado totalmente! Apesar de nunca nos ser revelado o nome próprio do pai ou do filho, eles apoderam-se do nosso coração e a sua luta pela sobrevivência torna-se tão palpável quanto a sede que temos de atingir o fim de cada capítulo. É uma história reflexiva pois, a Humanidade é colocada no pedestal mas também é destituída do mesmo com a mesma rapidez. Afinal, o que será que nos torna racionais? Vale a pena fazer tudo em nome da ambição? O escritor é mestre em desafiar os dogmas e a própria lógica do leitor.Todavia, sob esta genialidade há algumas falhas. Apesar de, enfatizar o terror e o drama, Cormac McCarthy não consegue impedir que nasça uma semente de esperança no espectador desta viagem de pai e filho. Faz parte do ser humano acreditar no melhor... Porém, o desfecho do livro pode não corresponder ao que esperamos e, para mim, é o pequeno ponto fraco do livro. Tem impacto e negá-lo seria mentira mas, não alcançou o patamar que desejava.

5/7- MUITO BOM

TRAILER DO FILME:



domingo, 26 de outubro de 2014

I've got your number de Sophie Kinsella


I've lost it. :( The only thing in the world I wasn't supposed to lose. My engagement ring. It's been in Magnus's family for three generations. And now, the very same day his parents are coming, I've lost it. The very same day. Do not hyperventilate, Poppy. Stay positive!! :)
A couple of glasses of bubbly with the girls at a charity do and Poppy's life has gone into meltdown. Not only has she lost her engagement ring, but in the panic that followed, she's lost her phone too. As she paces shakily round the hotel foyer she spots an abandoned phone in a bin. Finders keepers! Now she can leave a number with the hotel staff. It was meant to be!
Except the phone's owner, businessman Sam Roxton, doesn't agree. He wants his phone back, and doesn't appreciate Poppy reading all his messages and wading into his personal life. As Poppy juggles wedding preparations, phone messages and hiding her left hand from Magnus and his parents, can things get any more tangled?

A MINHA OPINIÃO:

I've got your number é o livro mais hilariante do ano! Sophie Kinsella consegue escrever momentos inusitados e absurdos de um modo tão natural que, parece que tudo é possível! É uma história bastante divertida ou não fosse a protagonista, a mais estouvada das mulheres. Poppy sabe como manter o ritmo frenético ao longo de todo o livro. Há sempre aquela sensação deliciosa da antecipação porque se, num momento, pensamos que adivinhamos com facilidade qual a opção que a Poppy vai tomar, no outro momento, ela bate todas as expectativas, é completamente imprevisível e quase sempre sai asneira! O que é muito bem-vindo! Rir é, sem dúvida, dos melhores remédios. Contudo, nem só das "tolices" da Poppy vive este livro. Sob este manto de leveza, está uma história bem construída e as personagens são, relativamente, complexas dentro do género chick-lit. Mesmo a Poppy que esbanja, aparentemente, confiança por todos os poros tem, secretamente, medo e receio que o seu intelecto não seja suficiente para o seu noivo e futuros sogros quase sobredotados. À medida que, as páginas surgem, nota-se um crescimento e quiçá, um amadurecimento nas personagens. As interacções entre cada um fazem-nos mudar comportamentos, atitudes desviantes ou simplesmente descobrir o seu eu, que foi ocultado por outrém.
I've got your number peca pelo penúltimo capítulo algo enervante e cliché e pela sua protagonista não ser totalmente original em relação a outras criações da autora.

4/7- BOM

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Os Jogos da Fome ( Trilogia Jogos da Fome I) de Suzanne Collins


Num futuro pós-apocalíptico, surge das cinzas do que foi a América do Norte, Panem, uma nova nação governada por um regime totalitário que a partir da megalópole, Capitol, governa os doze Distritos com mão de ferro. Todos os Distritos estão obrigados a enviar anualmente dois adolescentes para participar nos Jogos da Fome - um espetáculo sangrento de combates mortais cujo lema é «matar ou morrer». No final, apenas um destes jovens escapará com vida… Katniss Everdeen é uma adolescente de dezasseis anos que se oferece para substituir a irmã mais nova nos Jogos, um ato de extrema coragem… Conseguirá Katniss conservar a sua vida e a sua humanidade? Um enredo surpreendente e personagens inesquecíveis elevam este romance de estreia da trilogia Os Jogos da Fome às mais altas esferas da ficção científica.

A MINHA OPINIÃO:

Os Jogos da Fome é um primeiro livro trepidante de uma saga distópica que promete. Suzanne Collins constrói um mundo alternativo bastante plausível. Panem é a grande criação da autora. Collins  coloca nas mãos do leitor todas as peças da história deste país governado por um presidente déspota e, logo, põe a responsabilidade da decisão nas suas mãos.  Claro que há tráfico de influências porque, os protagonistas são contra o regime porém, Katniss não é, particularmente, adorável. É uma personagem principal bastante antagonista. Se a respeitamos pelo seu sacrifício também não a suportamos face à sua arrogância ( necessária, por vezes, é certo!) e constante indecisão. Peeta é um protagonista mais "normal" sendo que, é mais empático e traz à tona o lado bom de todos os personagens incluindo, a Katniss. Quanto a Gale, respeito a sua determinação porém, parece-me que o seu desenvolvimento é escasso neste primeiro livro. As personagens secundárias Effie e Haymitch são tão bizarras quanto atraentes. Effie é a aparente personificação do que apregoa o Capitólio. Inicialmente, parece viver da superficialidade e da vangloriação própria porém, é mais complexa do que sugere e vai desabrochando com o avançar das páginas. O mesmo sucede com Haymitch. Temperamental, irascível e aparentemente insuportável, ele é um enigma que se revela muito valioso para a história em si.
No entanto, Os Jogos da Fome não é equilibrado... Não há uma harmonia entre a acção e o desenvolvimento das personagens. O relato na primeira pessoa é também inconsistente e de certo modo, reflecte a insegurança e confusão de Katniss.
É uma leitura voraz mas não é perfeita!

4,5/7 BOM**

domingo, 12 de outubro de 2014

Before I go to Sleep de S. J. Watson

As I sleep, my mind will erase everything I did today. I will wake up tomorrow as I did this morning. Thinking I'm still a child. Thinking I have a whole lifetime of choice ahead of me...'

Memories define us. So what if you lost yours every time you went to sleep? Your name, your identity, your past, even the people you love — all forgotten overnight. And the one person you trust may only be telling you half the story.
Welcome to Christine's life

A MINHA OPINIÃO: 

Before I go to Sleep é um livro que nos deixa sem fôlego! A narrativa é tão rápida e a noção de que a protagonista quando adormece perde todas as memórias desse dia é uma catapulta para uma leitura voraz. Christine é, à semelhança, do leitor, ignorante ao que lhe aconteceu no passado e com ela vamos construindo o puzzle que é a sua vida. S.J. Watson escreve de forma a não preferir ou preterir nenhum dos personagens. É tão eficaz que chega a confundir os sentimentos do espectador bem como os da personagem principal. Em quem confiar? Todos ou ninguém? A atmosfera desta história chega a ser asfixiante e paranóica alimentando as páginas de tensão e suspense
É uma obra dominada pelas emoções e contradições de Christine que, são plausíveis devido ao seu estado de amnésia. As personagens secundárias são Nash, o seu médico e o seu marido Ben. Tal como ela desconfiamos até do ar que respiramos quanto mais de dois "estranhos".  Mas, o curioso do enredo de S. J. Watson é que, os outros intervenientes que vão surgindo também se vão tornando suspeitos.
A reviravolta final foi-me totalmente inesperada e há que congratular o autor. Porém, após uma reflexão há uma percepção de que poderá haver um plothole que, provavelmente não escapará a leitores mais versados neste género literário.
Before I go to Sleep foi uma leitura acirrante com momentos angustiantes e trepidantes porém, não é infalível!

5/7- MUITO BOM

TRAILER:

 

domingo, 5 de outubro de 2014

Devaneios de Séries... Once Upon a Time ( 2011- )


A MINHA OPINIÃO:

Once Upon a Time é uma série produzida e emitida pelo canal televisivo ABC nos Estados Unidos da América. Foi concebida a partir de uma ideia de Edward Kitsis e Adam Horowitz, criadores da série Lost e ambos, são, actualmente, escritores e produtores da série.
Na pequena cidade ficcional de Storybrooke no Maine, vivem várias personagens do mundo dos contos de fadas que foram transportadas para o "mundo real" devido a uma maldição. Habitualmente, cada episódio contém duas linhas narrativas: uma no presente e outra no passado. 
A maioria das personagens integrantes desta série são sobejamente conhecidas: a Snow White ( Branca de Neve) e o seu príncipe, a Evil Queen ( Rainha Má) e os anões fazem parte do nosso imaginário infantil. Aqui são fiéis ao seu espírito primordial porém, trazem uma nova roupagem. É investigado o porquê de serem quem são e, em consequência, são mais arrojadas e nada aborrecidas. Rumpelstiltskin é talvez, dos protagonistas menos célebres. Tem origem num conto alemão obscuro contudo, a sua personagem é um dos atractivos da série. Graças ao seu mistério e à brilhante interpretação de Robert Carlyle, é impossível não se fixar na história deste duende. Emma Swan ( Jennifer Morrison) e Henry Mills ( Jared Gilmore ) são as únicas personagens que foram totalmente criadas de raiz para a série televisiva. São eles que farão descarrilar uma sucessão de acontecimentos que transformarão Storybrooke. Emma é, supostamente, a que quebrará a maldição que mantêm os seus habitantes prisioneiros.


Once Upon a Time beneficia da sua originalidade. O modo como reinventa personagens tão familiares e cria ligações, surpreendentemente, lógicas entre eles é louvável. Ao dar-lhe um passado, motivos e objectivos, os escritores da série demonstram que todos procuram o seu final feliz. Às vezes, a forma de o conseguir é que é distinta.  Rapidamente, nos apercebemos que nem todos os vilões são totalmente maus e não todos os bons são totalmente bons.


Actualmente, no seu quarto ano de exibição, Once Upon Time teve uma primeira temporada fulgurante com reviravoltas e momentos de grande impacto para o telespectador incluindo, o seu final estonteante. Na segunda temporada decaiu em ritmo e brilhantismo sendo que, eram frequentes os episódios "filler" que não fazem mover a grande história. Todavia, nesta temporada é-nos apresentado duas novas personagens com grande importância nos episódios e temporadas subsequentes: Neal Cassidy e Killian Jones mais conhecido por Hook ( Capitão Gancho).


Na terceira temporada, os autores apostaram em dividi-la em duas metades distintas cada uma com o seu antagonista. Deu mais dinamismo à série e trouxe novos mundos a este mundo como Neverland ( A Terra do Nunca) e  Oz. 
Os figurinos e os cenários da série são deslumbrantes se bem que, os seus efeitos visuais fiquem , por vezes, a desejar. Não obstante, Once Upon a Time é um entretenimento sólido que derruba todos os preconceitos que possam ter acerca destas personagens! E se pensam que a vossa árvore genealógica é complicada deviam de ver esta série e tentar construir a de Henry Mills...

TRAILER DA 1ª TEMPORADA: