sábado, 29 de novembro de 2014

Um Caso Perdido (Hopeless) de Colleen Hoover

Preferia saber a verdade, ainda que isso fizesse de si um caso perdido, ou continuar a viver uma mentira? Quando Sky conhece Dean Holder no liceu, um rapaz com uma reputação tão duvidosa quanto a dela, sente-se aterrorizada, mas também cativada. Há algo naquela figura que lhe traz memórias do seu passado mais profundo e perturbador. Um passado que ela tentou por tudo enterrar dentro da sua mente. Ainda que Sky esteja determinada a afastar-se de Holder, a perseguição cerrada que ele lhe dedica, bem como o seu sorriso enigmático, fazem-na baixar as defesas, e a intensidade da relação entre os dois cresce a cada dia. Mas o misterioso Holder também guarda os seus segredos, e, quando os revela a Sky, ela vê-se confrontada com uma verdade tão terrível que pode mudá-la para sempre. Será Sky quem ela pensa que é? E será que os dois conseguirão sarar as suas feridas emocionais e encontrar um modo de viver e amar sem limites? Um Caso Perdido (Hopeless) é um romance intenso que o irá comover e arrebatar, ao mesmo tempo que o fará recordar o seu primeiro amor.

A MINHA OPINIÃO: 

Um Caso Perdido é uma leitura estonteante! O ritmo que Colleen Hoover impõe é verdadeiramente alucinante. A sua escrita é sinónimo de fluidez e clareza. Contudo, o início da história peca pela escassa originalidade. Os primeiros encontros de Sky e Dean são remanescentes de outros encontros de outras obras literárias. Mas, a intensidade de emoções abundam graças à capacidade de Hoover em arrebatar o leitor.
A ironia da situação é que, um livro com o título " Hopeless", transborda esperança por todos os poros. Cria magia ao inspirar quem lê as suas páginas. É incrivelmente surpreendente com reviravoltas tão inesperadas quanto atemorizadoras! Para um livro "young-adult" aborda temas bastante actuais e sombrios. Revelá-los seria, sem dúvida, estragar o melhor do que este livro tem para oferecer. Os seus capítulos iniciais não adivinham o que se segue. É bastante poderoso com as emoções e os sentimentos a surgirem a cada momento apanhando as personagens e o leitor desprevenidos. Desde o desespero, à paixão, à vergonha e à descriminação tudo fluí com uma facilidade tremenda. Atenção, esta facilidade não deve ser confundida com leveza! Pelo contrário, Hoover não se limita a tocar a superfície do mais ultrajante e chocante do ser humano, ela mergulha por completo nele. 
Sky e Dean são protagonistas intrigantes e, há algo em cada um deles que nos desperta curiosidade. Ela vê-se como uma mulher incapaz de sentir verdadeiramente. É algo que lhe é intrínseco sem que ela saiba explicar porquê. Dean é o quase oposto. Aparentemente, sabe muito bem quem é e simplesmente, cria uma fachada para o mundo. Juntos descobrem segredos há muitos escondidos e um amor que tem tanto de perigoso quanto adorável.
É uma história muito bem delineada, com intervenientes muito reais e revelações súbitas. O adjectivo chocante seria demasiado simplório para os capítulos finais! Um Caso Perdido é um livro poderoso que fica connosco mesmo depois de o terminarmos.

6/7-EXCELENTE 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

As Dez Figuras Negras de Agatha Christie

Em Fevereiro de 1972, Agatha Christie escreveu uma carta ao seu editor. Nessa missiva, incluída nesta edição especial, a Rainha do Crime elegeu os dez livros de sua autoria de que mais gostava. As Dez Figuras Negras foi considerado pela autora como um "desafio que lhe trouxe muita satisfação". Publicado na Grã-Bretanha, em 1939, e nos Estados Unidos, em 1940, seria também adaptado para teatro e cinema.
Dez desconhecidos que aparentemente nada têm em comum são atraídos pelo enigmático U. N. Owen a uma mansão situada numa ilha da costa de Devon. Durante o jantar, a voz do anfitrião invisível acusa cada um dos convidados de esconder um segredo. Nessa mesma noite um deles é assassinado. A tensão aumenta à medida que os sobreviventes se apercebem de que não só o assassino se encontra entre eles como se prepara para atacar uma e outra vez…

A MINHA OPINIÃO:

As Dez Figuras Negras é um caso curioso... Frequentemente, os livros não correspondem às altas expectativas que criamos porém, há aquelas excepções gloriosas como esta obra de Agatha Christie. A maneira como a autora constrói esta história em torno de dez desconhecidos que estão isolados numa ilha é magistral! A escrita dá aquela sensação de asfixia, claustrofobia e desconfiança pelas quais as personagens estão a passar. O leitor deixa de ser unicamente, um observador. À medida que se sucedem as mortes, a tensão vai aumentando até atingir o clímax na página final com a revelação do inesperado assassino. É tudo planeado até ao mínimo detalhe.A  habilidade de Agatha Christie em nos fazer duvidar de todos, dos seus motivos e dos seus objectivos é verdadeiramente impressionante e extremamente acirrante!
Este livro é também uma interrogação ao conceito de justiça. Quem é que decide qual castigo para um crime? E porquê? Será o arrependimento e o remorso suficiente para colmatar a culpa? No fim, muitos dos personagens já se tinham condenado a si próprios. Será que o homicida não estará a atraiçoar a justiça, ao cometer crimes em seu nome? Agatha Christie faz-nos trabalhar as " celulazinhas cinzentas", como diria o seu afamado Poirot. Não nos dá o mais comum dos policiais em que temos de descobrir o perpetuador dos homicídios. Dá-nos uma teia complexa e, sim, queremos descobrir quem é o sujeito fugidio mas, principalmente queremos entender as suas razões.
Um obra prima que merece, indubitavelmente, um cantinho em todas as estantes!

7/7-OBRA-PRIMA

 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A Revolta ( Os Jogos da Fome III) de Suzanne Collins

 

SPOILERS NA SINOPSE
Katniss Everdeen não devia estar viva. Mas, apesar dos planos do Capitólio, a rapariga em chamas sobreviveu e está agora junto de Gale, da mãe e da irmã no Distrito 13. Recuperando pouco a pouco dos ferimentos que sofreu na arena, Katniss procura adaptar-se à nova realidade: Peeta foi capturado pelo Capitólio, o Distrito 12 já não existe e a revolução está prestes a começar. Agora estão todos a contar com Katniss para continuar a desempenhar o seu papel, assumir a responsabilidade por inúmeras vidas e mudar para sempre o destino de Panem - independentemente de tudo aquilo que terá de sacrificar...

A MINHA OPINIÃO:

A Revolta é o último livro da trilogia Hunger Games ( Os Jogos da Fome). Este volume foi uma completa decepção. O mundo criado por Suzanne Collins tinha tanto potencial e tanto carisma porém, nesta conclusão definha por completo. Não há equilíbrio entre a narração e a acção. Algo que podia ser mais desenvolvido e assim dar uma nova cor à história é esmagado. Sempre que surge um momento mais profundo e de evolução é, rapidamente, abafado pela repetição enfadonha do discurso de Katniss. Oh Katniss! O que te fizeram? Era uma personagem feminina forte mesmo sob a confusão da guerra mas, aqui torna-se numa menina adolescente histérica. Apesar de ainda restar um resquício da sua coragem, este é ofuscado pela insistência da autora num triângulo amoroso que,  já não era nada credível nos livros anteriores. Mrs. Collins, por favor.... Se quer grandiosidade épica mas, com uma profundidade emotiva tocante, não se limite a abordar os mesmos temas uma e outra vez. Era suposto as personagens terem amadurecido e, depois de um segundo volume trepidante, esta evolução invisível é uma autêntica desilusão. A leitura torna-se ainda mais dolorosa no seu último terço quando o impensável começa a acontecer. Infelizmente, sacrifício e morte são muito comuns numa guerra. A escritora enfatiza esse aspecto ao máximo mas sem o mínimo tacto e, muitas mortes não têm repercussão significativa na história. Aliás, as que deveriam ser mais impactantes são reduzidas a umas meras palavras.
No entanto, há que reconhecer que a imprevisibilidade de Peeta após, uma reviravolta única, criou uma ponte para escapar a este tédio. Bem haja a este rasgo de génio de Collins! Fez-me ler o livro até ao fim...

2,5*/7- RAZOÁVEL

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Para Sir Phillip com Amor ( Bridgerton V) de Julia Quinn

Sir Phillip sabia que Eloise Bridgerton tinha já 28 anos e era, pois claro, uma solteirona. Foi por isso mesmo que pediu a sua mão em casamento. Sir Phillip partiu do princípio de que Eloise estaria desesperada por casar e não seria exigente ou caprichosa.
Só que… estava enganado. No dia em que ela lhe aparece à porta, torna-se óbvio que é tudo menos modesta e recatada.
E quando Eloise finalmente para de falar, ele percebe, rendido, que o que mais deseja é… beijá-la.
É que, quando recebeu a tão inesperada proposta, Eloise ficou perplexa. Afinal, nem sequer se conheciam pessoalmente. Mas depois… o seu coração levou a melhor e quando dá por si está numa carruagem alugada, rumo àquele que pensa poder ser o homem dos seus sonhos. Só que… estava enganada. Embora Sir Phillip seja atraente, é certo, é também um bruto, um rude e temperamental bruto, o oposto dos gentis cavalheiros que a cortejam em Londres.
Mas quando ele sorri… e quando a beija… o resto do mundo evapora-se e Eloise não consegue evitar a pergunta: será que este pesadelo de homem é, afinal, o homem dos seus sonhos?
  
A MINHA OPINIÃO:

O quinto volume saga da família Bridgerton tem como protagonista, a indomável Eloise. Sendo o quinto livro que leio de Julia Quinn, era de esperar um certo cansaço ao enfrentar as suas histórias, mas ele ainda não se manifestou. Realmente, a escritora encontrou a sua fórmula vencedora. Ela cativa através de uma família enternecedora mas, hilariante e depois, desfere o golpe de misericórdia através de protagonistas adoráveis. É impossível não adorá-los e apreciar as suas inseguranças, as suas tentativas vãs de romantismo até a descoberta do verdadeiro amor conjugal e parental.  A autora não nos dá um vilão ou um mistério desta vez. Traz-nos um protagonista masculino diferente dos anteriores. Phillip não é um mulherengo e muito menos romântico porém, o seu charme e o seu carácter íntegro que atraem Eloise, também seduzem a leitora. A existir um vilão na história seria o passado triste de Phillip que lhe deixou marcas profundas. O seu relacionamento com Eloise ajudará a que ambos cresçam. Eloise é das irmãs mais novas de um clã familiar enorme e a sua confiança periclita quando se vê sozinha numa escolha que há muito fizera. A interacção destas almas "perdidas" tem tanto de encantador como de estranho e cómico . A esta equação temos de acrescentar dois gêmeos, filhos de Phillip, duas pestinhas de 8 anos.
Esta leitura é como os anteriores da série, uma delícia! Só peca por um final abrupto e demasiado fácil.

4/7- BOM

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

(7 on 7) Novembro 2014

7 Blogs, durante 7 meses no dia 7 vão publicar 

7 fotografias de um determinado tema
Infelizmente, tenho alguns meses atrasados desta rubrica que conto publicar aos poucos mas, hoje é dia de Novembro.
O tema deste mês é Paisagens.
Um dos lugares mais belos de Portugal, Sintra. Palácio da Pena.


 O ilhéu de Fora na ilha de Porto Santo, onde passei as minhas férias.

A minha linda terra, ilha da Madeira, Cabo Girão.

O pôr do sol através de nuvens lenticularis.

O descanso do guerreiro

Laurissilva, Madeira

O nascer do sol na minha santa terrinha :)

As outras meninas participantes:

Lots of Books and other things 

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Em Chamas ( Trilogia Jogos da Fome II) de Suzanne Collins

A SINOPSE CONTÉM SPOILERS!!! 
Contra todas as expectativas, não só Katniss Everdeen venceu os Jogos da Fome, como pela primeira vez na história desta competição dois tributos conseguiram sair da arena com vida. Mas o que para Katniss e Peeta não passou de uma estratégia desesperada para não terem de escolher entre matar ou morrer, para os espectadores de todos os distritos foi um acto de desafio ao poder opressivo do Capitólio. Agora, Katniss e Peeta tornaram-se os rostos de uma rebelião que nunca esteve nos seus planos. E o Capitólio não olhará a meios para se vingar... O segundo volume da trilogia "Os Jogos da Fome" mantém um ritmo constante de adrenalina e promete tornar-se uma das leituras mais viciantes do ano.

A MINHA OPINIÃO:

Em Chamas é o segundo volume da trilogia de Hunger Games ( Os Jogos da Fome). É uma história  veloz e digna da sua predecessora. Suzanne Collins tem, claramente, um fim ao delinear cada passagem. Há amadurecimento das jovens personagens devido aos acontecimentos do primeiro volume. É natural a sua desconfiança e a potencialização dos receios mais profundos. Em tempos de guerra, reflecte-se no que ou em quem nos é mais querido. Embora a primeira parte deste livro peque por uma narrativa mais lenta com repetições, por vezes, desnecessárias, a segunda parte é um verdadeiro turbilhão de acções e emoções que rapidamente, fazem esquecer o início moroso. É tão intensa que termina brutalmente com uma reviravolta excepcional que seguramente, instiga o leitor a lançar-se ao terceiro e último volume da trilogia de imediato. Porém, esta desenfreada locomoção não apaga a fraqueza do " triângulo amoroso" : Katniss, Peeta e Gale. O inusitado e o despropositado abundam. Aliás, Gale seria, indubitavelmente, um personagem muito melhor sem esta colagem (má!) amorosa. Este" disparate" também afecta Katniss e Peeta. Ela é o centro deste triângulo mal construído limitando seu crescimento como protagonista da trilogia. Há que reconhecer que é possível que Katniss se encontre dividida entre dois rapazes mas, não há incongruência ou fundamentos credíveis para tal ou pelo menos, estes não são realistas o suficiente.
No entanto, Suzanne Collins merece felicitações pela personagem do Presidente Snow. É uma presença imponente e temível mesmo quando não se encontra em cena.
Em Chamas é uma leitura voraz mesmo com os seus defeitos e tem um final digno de cinema!

5/7- MUITO BOM

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Trilogia da Herança de Nora Roberts


















No centro desta obra apaixonante encontramos as irmãs Concannon, mulheres do nosso tempo, que vivem na mágica Irlanda, terra de colinas suaves e lendas antigas. Herança de Fogo é a história de Maggie Concannon. Talentosa e rebelde, Maggie é uma artista que trabalha o vidro. As suas obras de arte são mais do que apenas objectos belos, são reflexos da sua verdadeira natureza. Até que um dia, Rogan Sweeney, dono de uma das galerias mais sofisticadas de Dublin, descobre o seu trabalho. Se por um lado Rogan é um profissional e quer fazer dela uma artista conhecida e bem sucedida, por outro o seu coração atraiçoa-o pois está completamente apaixonado por aquela mulher rebelde e explosiva. Apesar de Maggie sentir o mesmo, uma relação entre ambos nunca poderá ser fácil… ou não houvesse um passado negro a assombrar o futuro. 
Quando as tempestades do Inverno varrem a Irlanda, toda a gente fica dentro de casa e os turistas deixam de aparecer. Como tal, até a acolhedora estalagem de Brianna Concannon se transforma num lugar frio e vazio. Mas isso não é um problema para ela, pois se há coisa que Brianna adora é paz e sossego, mesmo quando o vento gelado uiva nas janelas. Grayson Thane é um escritor norte-americano que cresceu num orfanato e sempre viveu sozinho. Assombrado por um passado que anseia esquecer, chega à estalagem de Brianna à procura de isolamento e inspiração para o próximo romance. Mas o destino oferece-lhe muito mais do que isso. A beleza de Brianna conquista o seu olhar, e a serenidade dela apazigua a sua alma irrequieta. Mas poderá o fogo nascer em dois corações tão gelados?

A MINHA OPINIÃO:

A trilogia da Herança marcou o meu regresso a Nora Roberts. Após algumas desilusões com as suas histórias, eis que surge a minha reconciliação com esta escritora. O encanto não foi perfeito mas, serviu para me voltar a importar com as suas personagens. Roberts constrói os habituais romances com um final feliz porém, na sua previsibilidade há que ter alguma originalidade. Esta trilogia ofereceu um escape delicioso à realidade. O seu absoluto deleite está na Irlanda. Através das suas páginas encontramos a beleza deste país onde o verde perdura e o misticismo está imbuído nas suas raízes e nas suas gentes. Cada livro tem um casal protagonista distinto porém, a dinâmica familiar que se estabelece entre todos é louvável além de proporcionar momentos hilariantes. Maggie, a personagem principal de A Herança de Fogo é verdadeiramente explosiva e decidida o que coloca uma dinâmica peculiar no primeiro volume. Ao invés, de ser Rogan a ditar o que esperar da relação, é ela quem o coloca contra a parede na maioria das situações. Uma lufada de ar fresco! Ao contrário da irmã, Brianna é sossegada e, aparentemente, mais calma o que torna o segundo volume mais pausado à semelhança desta irmã. Todavia, devido à interacção entre as irmãs e à história secundária, este livro não perde fôlego. É o terceiro que destoa ligeiramente dos restantes. Apesar de o seu protagonista masculino ser, inevitavelmente querido à leitora pois, é introduzido nos outros livros, o seu interesse amoroso está em desvantagem em relação a Brianna e Maggie. A narrativa é também mais previsível dentro da previsibilidade estimada o que torna a leitura menos atraente.
Nora Roberts mantém o seu estilo ao longo de toda a trilogia. São livros que entretém, fazendo sorrir e temer pelos seus intervenientes contudo, se não fosse pela beleza da Irlanda seriam muito idênticos a livros anteriores.

4/5- BOM

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Devaneios de Séries... Penny Dreadful (2014-)


A MINHA OPINIÃO:

Penny Dreadful é uma série emitida pela cadeia televisiva norte-americana Showtime. Surgiu de uma ideia de John Logan que a co-produz com Sam Mendes. Na Londres vitoriana, personagens fictícias criadas por Logan misturam-se com personagens tão familiares como Dr. Victor Frankenstein, Drácula, Dorian Gray e Van Helsing. Mas, estes não se limitam a encarnar os seus contra-partes literários. Apesar de manterem algumas parecenças, eles são dotados de motivos, histórias paralelas de arrependimento, de sonhos E de demónios pessoais que se entrelaçam com a grande história que se desenrola em grande plano. O primeiro episódio é introdutório e o tom de mistério e de horror que percorrerá toda a primeira temporada é como que, um anzol que agarra o espectador. De certo modo, cada personagem tem os seus segredos para perpetuar o seu lado negro e isso, é deveras intrigante.


O segundo episódio marca a série com emoções fortes e momentos aterrorizantes mas, memoráveis. É sacudido por revelações que, ligam ainda mais as personagens centrais. Começa a desabrochar a soberba interpretação de Eva Green como Vanessa Ivens. Ela incorpora perfeitamente os sentimentos contraditórios desta personagem extremamente complexa.  Vanessa seria a decepção da série se não fosse bem interpretada.  Ela é uma hipérbole gótica do "normal" ser humano. Procura enveredar sempre pelo bem porém, o seu lado oculto e negro está sob a sua pele prestes a surgir. 


Malcolm Murray de Timothy Dalton é quem reúne esta família bastante disfuncional sobre o mesmo tecto. Todos têm uma missão em comum além da pessoal e, isso, cria um elo estranhamente familiar entre Victor Frankenstein, um jovem médico, obcecado da inevitabilidade da morte e o enigmático Ethan Chandler, pistoleiro infalível mas, tal como Vanessa, tem um lado negro a espreitar sobre o ombro. Todos são exímios a dominar o seus respectivos personagens apesar de, não brilharem tanto como Eva Green. Brona Croft de Billie Piper é aquela personagem que, inicialmente, parece ser facilmente definível todavia, à medida que a temporada avança, é impossível não compreender esta imigrante irlandesa que foge ao seu passado sombrio. No entanto, é Dorian Gray quem menos me cativa. Os seus objectivos enquanto personagem não são muito claros e a aura de mistério e atracção que era, suposto, rodeá-lo não é palpável. Quando se encontra com o restante elenco não se destaca, desaparece na escuridão. Não sei ainda se isto se deve ao actor Reeve Carney ou ao argumento.


Penny Dreadful deve o seu nome a publicações de ficção e terror que eram vendidas em Inglaterra no século XIX. Fiel ao manuscrito que a baptizou, é repleta de momentos assustadores, arrepiantes com direito a saltos na cadeira e a pôr cabelos em pé. A cor gótica da cinematografia também contribui para este ambiente. Não obstante, é uma história bastante humana porque se há algo com que nos podemos relacionar é a possibilidade de remediar os nossos erros. Penny Dreadful é uma série com temporadas curtas pelo que, cada episódio é recheado de reviravoltas que prende o espectador. Já tem uma segunda temporada agendada para 2015.

TRAILER: