sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A Rapariga Corvo ( Trilogia das faces de Victoria Bergman I) de Erik Axl Sund

A psicoterapeuta Sofia Zetterlund está a tratar dois pacientes fascinantes: Samuel Bai, um menino-soldado da Serra Leoa, e Victoria Bergman, uma mulher que tenta lidar com uma mágoa profunda da infância. Ambos sofrem de transtorno dissociativo de personalidade. A agente Jeanette Kihlberg, por seu lado, investiga uma série de macabros homicídios de meninos em Estocolmo. O caso está a abalar a investigadora, mas não tem tido grande destaque devido à dificuldade em identificar os meninos, aparentemente de origem estrangeira. Tanto Jeanette como Sofia são confrontadas com a mesma pergunta: quanto sofrimento pode um ser humano suportar antes de se tornar ele próprio um monstro? À medida que as duas mulheres se vão aproximando cada vez mais uma da outra, intensificam-se os segredos, as ameaças e os horrores à sua volta.

A MINHA OPINIÃO:

A Rapariga-Corvo é uma leitura explosiva, impactante e macabra! Apesar de a história ser altamente sórdida, há algo que nos prende à intrigante narrativa de Sofia, Jeannette e Victoria. Os crimes são horripilantes porém, a natureza tortuosa da psique humana e a sua capacidade de se moldar face aos eventos perturbadores é verdadeiramente notável. Erik Axl Sun, pseudónimo de uma dupla de escritores, mergulha profundamente na mente humana e desfia-a nó a nó, sem piedade, conquistando  assim o leitor. Há uma linha que divide o monstro do homem e é esta linha que é aqui abordada magistralmente. Quanto sofrimento um ser humano poderá suportar? E será que uma alma torturada pelo sofrimento será capaz de se tornar num monstro? Este dilema é genialmente demonstrado nas páginas de A Rapariga Corvo. A psiquiatria envolvida neste thriller é tremenda! Deixa os leitores ávidos pela evolução das personagens e pelo desvendar de segredos obscuros escondidos no subconsciente. É um mistério de carácter, de personalidade e, claro, a busca pelo homicida.
O primeiro volume de uma trilogia, A Rapariga Corvo, é uma leitura díficil de digerir pela morbidez das descrições psicopatas dos locais do crime e pela ilustração do quão perversa a mente humana pode ser. Algo tão abominável como o tema crianças-soldado é, neste volume, dissecado até ao mais ínfimo pormenor. É digno de ferir susceptibilidades! No entanto, esta vertente aterrorizadora da história é complementada pela parte mais forense e médica, tornando-a viciante. Parece ser um parodoxo todavia, é isto que torna esta obra tão genial.  Cruel mas, cativante!

6/7-MUITO BOM